quinta-feira, 23 de julho de 2015

Opinião & Saúde : Pode o cristão fumar maconha? Quais os efeitos maléficos e benéficos do uso do THC.

Nenhum ser humano deveria ser enganado para que sua saúde ou moral fosse preservada. Ainda mais se esta pessoa professa a Fé cristã aonde muitas das vezes com frágeis argumentações teológicas se defendem não o ponto de vista coletivo de um determinado grupo mas os preconceitos e costumes religiosos de uma grande minoria.

A "Cannabis Sativa" ou como é popularmente conhecida "maconha" assim como uma outra erva qualquer foi criada pela vontade de DEUS e com toda a certeza ela tem os seus usos e fins para a medicina fitoterápica.

Não existe nas escrituras uma condenação explicita para seu uso de qualquer forma, seja no composto de remédios ou mesmo sua incineração.  Porém as escrituras condenam tudo aquilo que nos escraviza e que nos muda o estado normal de consciência.

O mesmo vale para o uso do álcool, tabaco, cafeína e outras substancias. Mas ao lermos as mesmas escrituras vemos os o próprio senhor Jesus fazendo uso do vinho, tanto que o mesmo é uma representação material de seus sangue e usado em uma das duas únicas liturgias ensinadas por ele. (Batismo e Ceia)

A questão para o cristão em relação ao uso da Cannabis Sativa esta nos versos 1 a 6 do capitulo 13 da Epistola Paulina aos Romanos que diz o seguinte:


“Submeta-se cada pessoa às autoridades constituídas; porque não há autoridade que não venha de Deus, e as que, de fato existem foram estabelecidas por Deus. Assim, pois, quem resiste à autoridade opõe-se à ordem estabelecida por Deus e os que a ela se opõem atraem sobre si uma sentença de condenação. Com efeito, os governantes não são para temer quando se pratica o bem, mas quando se pratica o mal. Queres não ter de temer a autoridade? Faze o bem e dela receberás elogios, pois que ela é, para ti, o ministro de Deus em ordem ao bem. Mas, se fazes o mal, tens motivo para temer, pois não é em vão que ela empunha a espada, sendo ministro de Deus, encarregada de castigar quem pratica o mal. Por isso, é necessário, que vos submetais, não só por temor do castigo, mas também por dever de consciência. É também por esse motivo que pagais os impostos, pois eles são funcionários de Deus, assiduamente adidos a essa sua função.”
(Romanos 13: 1-6) 

Como bem sabemos uso de maconha e outras substancias ilicitas são proibidas em todo o território nacional e se é algo previamente proibido pela autoridades constituídas e se nós como cristãos, mesmo que sofrendo temos que nos submeter a elas não seria correto para um cristão convicto fazer uso das mesmas.

Mas não podemos ser hipócritas o grande problema da proibição do uso destas substancias não está na preocupação com a saúde e o bem estar da população e sim porque a entrada destas substancias em território nacional se dá sem tributação e sua produção e manufatura  se  dá de forma clandestina e além de não haver impostos para sua venda.

Vendo desta forma acabamos por descobrir que a grande preocupação governamental está no ponto de vista que a venda destas substancias não favorece o lucro dos cofres públicos.

Se a preocupação da governabilidade fosse realmente a saúde e o bem estar social, se faria mais investimentos em educação, prevenção e no sistema de saúde publica.

O mesmo Brasil que condena o uso da Cannabis Sativa é tolerante ao uso da ayahuasca, nos cultos da religião do santo Daime aonde o uso do mesmo tem sido ministrado até na "ressocialização" da comunidade carcerária em presídios amazonenses.

Mas e o cristão o que tem haver com isto? 

Ao contrario de muitas doutrinas cristãs que a cada dia mais nos empurram para os guetos doutrinários e escondem as verdades bíblicas nas empoeiradas gavetas da Teologia clássica, Jesus afirmou o seguinte: 

Vocês são a luz para o mundo. Não se pode esconder uma cidade construída sobre um monte. Ninguém acende uma lamparina para colocá-la debaixo de um cesto. Pelo contrário, ela é colocada no lugar próprio para que ilumine todos os que estão na casa. Assim também a luz de vocês deve brilhar para que os outros vejam as coisas boas que vocês fazem e louvem o Pai de vocês, que está no céu. 
(Mateus 5:14-16)

Em sua carta aos Romanos o Apóstolo Paulo no dá a seguinte orientação ou na verdade nos faz o seguinte convite:
" E  não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que proveis qual é a boa, agradável e perfeita vontade de Deus."
(Romanos 12:2) 

Eu tiro o meu caso como exemplo, sou abstêmio a algum tempo. Mas não por obrigação religiosa ou culpa pessoal me fiz assim pelo simples fato de entender que se quero fazer diferença no meio que vivo este seria um melhor caminho.
O  grande fator de condenação no uso de qualquer substancia é o vicio dele, sendo que um vicio não se prende somente aos uso de qualquer produto mas também nas praticas que roubam o seu tempo construtivo e sua racionalidade o entregando ao desejo cobiçoso e a cada dia maior daquilo que o vicia.

Não devemos nos isolar nos guetos da ignorância e sim transformar o mundo ao nosso redor com esta mensagem de liberdade e a mudança de pensamento sendo honestos, não só conosco mas com toda a comunidade ao nosso redor levando esta mesma ao "caminho" não só com palavras mas com atitudes.

Mas voltando a falar sobre a maconha:


Fatores postivos no uso da Cannabis Sativa:



A descoberta de que os canabinoides se ligavam aos receptores CB existentes na membrana celular dos neurônios aconteceu em 1988. Dois anos mais tarde, esses receptores foram clonados e mapeadas suas localizações no cérebro. Em 1992, foi identificada a anandamida, substância existente no sistema nervoso central, relacionada com os receptores, mas distinta deles.
A partir de então, diversos trabalhos revelaram que os canabinoides naturais ou sintéticos desempenham papel importante na modulação da dor, controle dos movimentos, formação e arquivamento de memórias e até na resposta imunológica.

Pesquisas com animais de laboratório demostraram que o cérebro desenvolve tolerância aos canabinoides e que eles podem causar dependência, embora esse potencial seja menor do que o da heroína, nicotina, cocaína, álcool e de benzodiazepínicos, como o diazepan.
Hoje sabemos que o uso de maconha tem ação benéfica nos seguintes casos:

1) Glaucoma: doença causada pelo aumento da pressão intraocular, pode ser combatida com os efeitos transitórios do THC na redução da pressão interna do olho. Existem, no entanto, medicamentos bem mais eficazes.

2) Náuseas: O tratamento das náuseas provocadas pela quimioterapia do câncer, foi uma das primeiras aplicações clínicas do THC. Hoje, a Oncologia dispõe de antieméticos mais potentes.

3) Anorexia e caquexia associada à Aids: A melhora do apetite e o ganho de peso em doentes com Aids avançada foram descritos há mais de vinte anos, antes mesmo de surgirem os antivirais modernos.

4) Dores crônicas: A maconha é usada há séculos com essa finalidade. Os canabinoides exercem o efeito antiálgico, ao agir em receptores existentes no cérebro e em outros tecidos. O dronabinol, comercializado em diversos países para uso oral, reduz a sensibilidade à dor, com menos efeitos colaterais do que o THC fumado.

5) Inflamações: O THC e o canabidiol são dotados de efeito anti-inflamatório que os torna candidatos a tratar enfermidades como a artrite reumatoide e as doenças inflamatórias do trato gastrointestinal (retocolite ulcerativa, doença de Crohn, entre outras).

5) Esclerose múltipla: O THC combate as dores neuropáticas, a espasticidade e os distúrbios de sono causados pela doença. O Nabiximol, canabinoide comercializado com essa indicação na Inglaterra, Canadá e outros países com o nome de Sativex, não está disponível para os pacientes brasileiros.

4) Epilepsia: Estudo recente mostrou que 11% dos pacientes ficaram livres das crises convulsivas com o uso de maconha com teores altos de canabidiol; em 42% o número de crises diminuiu 80% e, em 32% dos casos, a redução variou de 25% a 60%. Canabinoides sintéticos de uso oral estão liberados em países europeus.

Com tal espectro de ações em patologias tão diversas, só gente muito despreparada pode ignorar o interesse medicinal da maconha. Qual a justificativa para impedir que comprimidos de THC e de seus derivados cheguem aos que poderiam se beneficiar deles? Está certo jogar pessoas doentes nas mãos dos traficantes?

No entanto, o argumento de que o uso de maconha deve ser liberado em virtude dos efeitos benéficos que acabamos de enumerar, é insustentável: a imensa maioria dos usuários não o faz com finalidade terapêutica, mas recreativa.


Fatores negativos para o uso da Cannabis Sativa: 


 
Vou resumir uma revisão da literatura sobre os efeitos adversos da maconha, publicada no The New England Journal of Medicine, por pesquisadores americanos do National Institute on Drug Abuse:

1) Dependência:  Os inquéritos mostram que 9% dos que experimentam se tornam dependentes. Esse número chega a um em cada seis, no caso daqueles que começam a usá-la na adolescência. Entre os que fazem uso diário, 25% a 50% exibem sintomas de dependência.
Comparados com os que começaram a fumar na vida adulta, os que o fizeram enquanto adolescentes apresentam duas a quatro vezes mais sintomas de dependência, quando avaliados dois anos depois de fumar o primeiro baseado.
Uma vez instalada a dependência, surgem crises de abstinência: irritabilidade, insônia, instabilidade de humor e ansiedade.

2) Alterações cerebrais:Da fase pré-natal aos 21 anos de idade, o cérebro está em estado de desenvolvimento ativo, guiado pelas experiências. Nesse período, fica mais vulnerável aos insultos ambientais e à exposição a drogas como o tetrahidrocanabinol (THC).
Adultos que se tornaram usuários na adolescência, apresentam menos conexões entre neurônios em áreas específicas do cérebro que controlam funções como aprendizado e memória (hipocampo), atenção e percepção consciente (precúneo), controle inibitório e tomada de decisões (lobo pré-frontal), hábitos e rotinas (redes subcorticais).
Essas alterações podem explicar as dificuldades de aprendizado e o QI mais baixo dos adultos jovens que fumam desde a adolescência.

3) Porta de entrada:  Qualquer droga psicoativa pode moldar o cérebro para respostas exacerbadas a outras drogas. Nesse sentido, o THC não é mais nocivo do que o álcool e a nicotina.

4) Transtornos mentais:  O uso regular aumenta o risco de crises de ansiedade, depressão e psicoses, em pessoas com vulnerabilidade genética. Uso frequente, em doses elevadas, durante mais tempo, modificam o curso da esquizofrenia, e reduzem de dois a seis anos o tempo para a ocorrência do primeiro surto.
O que os estudos não conseguem estabelecer é a causalidade, isto é, se a maconha provoca esses distúrbios ou se os portadores deles usam a droga para aliviar suas angústias.

5) Performance escolar:  Na fase de intoxicação aguda, o THC interfere com funções cognitivas críticas, efeito que se mantém por alguns dias. O fato de a ação no sistema nervoso central persistir mesmo depois da eliminação do THC, faz supor que o uso continuado, em doses elevadas, provoque deficiências cognitivas duradouras, que afetam a memória e a atenção, funções essenciais para o aprendizado.
Essas relações, no entanto, são muito mais complexas do que os estudos sugerem. O uso de maconha é mais frequente em situações sociais que interferem diretamente com a escolaridade: pobreza, desemprego, falta de estímulos culturais, insatisfação com a vida e desinteresse pela escola.

6) Acidentes:  A exposição ao THC compromete a habilidade de dirigir. Há uma relação direta entre as concentrações de THC na corrente sanguínea e a probabilidade de acidentes no trânsito.

7) Câncer e doenças pulmonares:  Embora a relação entre maconha e câncer de pulmão não possa ser afastada, o risco é menor do que aquele associado ao fumo.
Por outro lado, fumar maconha com regularidade, durante anos, provoca inflamação das vias aéreas, aumenta a resistência à passagem do ar pelos brônquios e diminui a elasticidade do tecido pulmonar, alterações associadas ao enfisema pulmonar. Não há demonstração de que o uso ocasional cause esses malefícios.
O uso frequente agride a parede interna das artérias e predispõe ao infarto do miocárdio, derrame cerebral e isquemias transitórias.

Procurei de forma sensata expor o verdadeiro ponto de vista de um cristão em relação ao uso da maconha,  sem querer fazer alguma espécie de apologia a tal apenas sendo honesto com aqueles que leem este post. Visto que fiz a questão de também expor prós e contras agora o ato de usar ou não usar substancias ilícitas fica a cargo de cada um,  pois que cada pessoa seja responsável pelas suas atitudes não só diante de DEUS mas também diante das leis vigentes e de toda a sociedade.


Uma palavra sóbria sobre o uso de maconha:


Bebida, cigarro e a liberação da Maconha.



 


 

Nenhum comentário:

Postar um comentário