As festas bíblicas são
ordens sagradas do Senhor. Elas não são apenas judaicas; são, antes de mais
nada, do Senhor, declaradas como estatuto eterno. Essas festas
não são um convite para que a Igreja volte à primeira aliança, mas para
sustentar a mensagem que elas transmitem. Elas apontam para o fim, para o
Cordeiro e falam da parusia, ou seja, a segunda vinda do Messias.”
“Preste atenção ao que
está sendo ministrado, pois Roma não deseja que nossos olhos sejam abertos.
Roma quer nos prender ao paganismo. Esse paganismo se traduz na tentativa de
deixar as festas bíblicas no esquecimento e de pegar as festas pagãs e tentar
cristianizá-las. Porém, Deus abriu os nossos olhos. Não estamos mais debaixo da
escuridão, pois o Senhor nos trouxe para a luz.”
(Ap. Renê Terra Nova).
(Ap. Renê Terra Nova).
A frase do autodenominado “apóstolo” René Terra
Nova
demonstra bem a necessidade de estudarmos este
assunto: a Igreja deve guardar festas e costumes judaicos? A Bíblia deixa
alguma evidência de que tais práticas são para os cristãos?
Independentemente de dados históricos
extra-bíblicos, devemos nos deter ao estudo das Escrituras para esclarecermos
tais questionamentos. É da Bíblia a Palavra final sobre o assunto!
Para começarmos nosso estudo, é interessante nos
debruçarmos sobre a carta de Paulo aos gálatas, pois os irmãos da Galácia
estavam passando por uma situação semelhante a da igreja de hoje.
Quando Paulo escreveu aos gálatas, Os judeus
estavam presentes em todo o Império Romano, principalmente nas cidades mais
importantes. Muitos deles se converteram ao cristianismo e, dentre os
convertidos, havia aqueles que queriam impor a lei mosaica sobre os cristãos
gentios. São os “judaizantes”. Assim como os fariseus e saduceus perseguiram
Jesus durante o período mencionado pelos evangelhos, os judaizantes pareciam
estar sempre acompanhando os passos de Paulo a fim de influenciar as igrejas
por ele estabelecidas. Essa questão entre judaísmo e cristianismo percorre o
Novo Testamento.
Os judaizantes estavam também na Galácia, onde se
tornaram uma forte ameaça contra a sã doutrina das igrejas.
Aqueles judeus davam a entender que o evangelho
estava incompleto. Para conseguirem uma influência maior sobre as igrejas, eles
procuravam minar a autoridade de Paulo. Para isso, atacavam a legitimidade do
seu apostolado, como tinham feito em Corinto.
O Evangelho Judaizante:
Os judaizantes chegavam às igrejas com o Velho
Testamento “nas mãos”. Isso se apresentava como um grande impacto para os
cristãos. O próprio Paulo ensinava a valorização das Sagradas Escrituras. Como
responder a um judeu que mostrava no Velho Testamento a obrigatoriedade da
circuncisão e da obediência à lei? Além disso, apresentavam Abraão como o
modelo para os servos de Deus.
Os judaizantes ensinavam que a salvação dependia
também da lei, principalmente da circuncisão. Segundo eles, para ser cristão, a
pessoa precisava antes ser judeu (não por descendência, mas por religião). Foi
para combater as heresias judaizantes que Paulo escreveu aos gálatas e mostrou
àqueles irmãos que voltar as práticas e aos cerimoniais da Lei era cair da
graça.
“Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão.
“Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão.
2 Eu, Paulo, vos digo
que, se vos deixardes circuncidar, Cristo de nada vos aproveitará.
3 De novo, testifico a
todo homem que se deixa circuncidar que está obrigado a guardar toda a lei.
4 De Cristo vos
desligastes, vós que procurais justificar-vos na lei; da graça decaístes.
5 Porque nós, pelo
Espírito, aguardamos a esperança da justiça que provém da fé.
6 Porque, em Cristo
Jesus, nem a circuncisão, nem a incircuncisão têm valor algum, mas a fé que
atua pelo amor.
7 Vós corríeis bem; quem
vos impediu de continuardes a obedecer à verdade?
8 Esta persuasão não vem
daquele que vos chama.
9 Um pouco de fermento
leveda toda a massa.
10 Confio de vós, no
Senhor, que não alimentareis nenhum outro sentimento; mas aquele que vos
perturba, seja ele quem for, sofrerá a condenação”.
(Gálatas 5:1-10)
Algo parecido tem acontecido na Igreja brasileira
nos dias atuais. Os judaizantes modernos ensinam que devemos guardar as festas
judaicas, ler a Torah nos cultos, etc.
É muito comum vermos cristãos usando kipás,
buscando ligações genealógicas com o povo israelita para que possam obter
nacionalidade judia, entre outras coisas. Até mesmo nos cultos de algumas
igrejas, músicas e danças judaicas foram inseridas.
Em nome do amor a Israel a bandeira da nação é
colocada na igreja (será que um árabe desejoso por conhecer Cristo entraria
nesta igreja?), o shofar é tocado e promovem-se as festas com a promessa de uma
nova unção sobre a vida de quem participa de tais celebrações.
Há igrejas onde as pessoas não podem adentrar ao
templo de sandálias ou sapatos e são orientadas a tirar os calçados, pois,
segundo ensinam, irão pisar terra santa.
Há notícias de denominações no Brasil onde os
assentos foram retirados dos templos e os crentes ficam de joelhos em posição
semelhante à usada pelos judeus nas sinagogas.
Uma famosa “apóstola” apregoa inclusive a
necessidade da Igreja Evangélica brasileira guardar o sábado. Em uma entrevista
a antiga revista Vinde, ela declarou: “Meu contato com Israel me mostrou várias
coisas, como os dias proféticos, as alianças: seis dias trabalharás e ao sétimo
descansarás. Êxodo 31 declara que o sábado é o sinal de uma aliança perpétua e
da volta de Cristo”.
Afinal, devemos ter a preocupação de celebrar as
festas judaicas, usar kipá, colocar pano de saco, banhar-se de cinzas? O
cristão tem essas obrigações? O que diz a Palavra sobre o assunto?
Sobre a idéia da guarda do sábado e a sugestão da
pastora de que isso faz parte de uma aliança perpétua, verifiquemos o seguinte:
Usar a expressão “aliança perpétua” para referir-se
à aliança feita entre Deus e Israel é desconhecer a transitoriedade dessa
aliança apontada pela Bíblia. Se não, vejamos. A Bíblia menciona a existência
de duas alianças. A primeira foi firmada entre Deus e o povo de Israel (Êxodo
19.1-8), logo que saiu da terra do Egito e se acampou junto ao Monte Sinai. A
aliança foi ratificada com o sangue de animais como se lê em Êxodo 24.1-8. No
livro de Hebreus, o escritor se reporta a esta aliança, dizendo: “É por isso
que nem a primeira aliança foi consagrada sem sangue. Havendo Moisés anunciado
a todo o povo todos os mandamentos segundo a lei, tomou o sangue dos bezerros e
dos bodes, com água, lã púrpura e hissopo, e aspergiu tanto o próprio livro
como todo o povo dizendo:
‘Este é o sangue da aliança que Deus ordenou para
vós’”
(Hebreus 9.18-20)
Essa aliança não integrava o povo gentio:
“Mostra a sua palavra a Jacó, os seus estatutos e os seus juízos
a Israel. Não fez assim a nenhuma outra nação; e, quanto aos seus juízos, não
os conhecem”
(Salmo
147.19 e 20)
Embora o povo de Israel tivesse prontidão em
responder que observaria essa aliança, na verdade, não a cumpriu, de modo que
Deus prometeu nova aliança. Essa promessa foi registrada por Jeremias:
“Vêm
dias, diz o Senhor, em que farei uma aliança nova com a casa de Israel e com a
casa de Judá. Não conforme a aliança que fiz para com seus pais, no dia em que
os tomei pela mão para os tirar da terra do Egito, porque eles invalidaram a
minha aliança, apesar de eu os haver desposado, diz o Senhor”
(Jeremias 31.31 a
34)
Novamente, o escritor do livro de Hebreus se reporta a essa nova aliança, afirmando que ela já tinha sido estabelecida por Jesus Cristo:
“Mas agora
alcançou Ele ministério tanto mais excelente, quanto é mediador de superior
aliança, que está firmada em melhores promessas. Pois se aquela primeira
aliança tivesse sido sem defeito, nunca se teria buscado lugar para a segunda”
(Hebreus 8.6 e 7)
Ainda Paulo,
falando sobre a antiga aliança, declara:
“Ele nos fez
também capazes de ser ministros de uma nova aliança, não de letra, mas do
Espírito; pois a letra mata, mas o Espírito vivifica”
(2 Coríntios 3.6)
Logo, não se
pode falar em “aliança perpétua”, referindo-se à primeira aliança entre Deus e
Israel.
O que talvez a apóstola quisesse, mas não o fez,
era dizer que o sábado é um mandamento perpétuo, como se lê em Êxodo 31. 16 e
17. Todavia, ainda assim, ela estaria incorreta. Não procede dizer que a guarda
do sábado deva ser observada pelos cristãos hoje. Isto porque a palavra
perpétuo não se aplica só ao sábado, mas também a vários outros preceitos que
os guardadores do sábado nunca se dispuseram a cumprir, como, por exemplo, a
circuncisão pois Gênesis 17.13-14 diz o seguinte:
“Com efeito, será circuncidado o nascido em tua
casa e o comprado por teu dinheiro; a minha aliança estará na vossa carne e
será aliança perpétua. O incircunciso, que não for circuncidado na carne do
prepúcio, essa vida será eliminada do seu povo; quebrou a minha aliança”
(Gênesis 17.13-14)
E agora,
teremos que nos circuncidar também? Ou não seria mais coerente guardar o
significado espiritual de tais ordenanças e não o seu aspecto cerimonial?
Um outro argumento da “apóstola” é a de que o
domingo tem origem pagã, ela diz: “”Roma
teve um imperador que adorava o sol. Daí Sunday (dia do sol) [do inglês,
domingo]. Por essa questão pagã, a tradição chegou até nossos dias…”.
Entretanto, esse é um argumento pueril, freqüentemente citado por eles para imprimir a idéia de que a guarda de outro dia que não o sábado é de origem estritamente pagã. Tão pagã quanto a palavra Sunday é Saturday (dia de Saturno), sábado, em inglês. O dia era dedicado ao deus Saturno e prestava-se culto com orgias e muita bebida. Os dias da semana levavam nomes pagãos e não só o domingo.
Entretanto, esse é um argumento pueril, freqüentemente citado por eles para imprimir a idéia de que a guarda de outro dia que não o sábado é de origem estritamente pagã. Tão pagã quanto a palavra Sunday é Saturday (dia de Saturno), sábado, em inglês. O dia era dedicado ao deus Saturno e prestava-se culto com orgias e muita bebida. Os dias da semana levavam nomes pagãos e não só o domingo.
Constantino, por sua vez, foi o primeiro imperador
romano a adotar o cristianismo. Quando o fez promulgou vários decretos em favor
dos cristãos, destacando-se o de 7 de março de 321. Se vale o argumento de que
a guarda do domingo é de origem pagã por ter sido Constantino quem firmou o
primeiro dia da semana como dia de guarda, então teria que reconhecer que a
doutrina da Trindade também tem origem pagã, pois foi o mesmo Constantino quem
presidiu o Concílio de Nicéia, em 325, quando foi reconhecida biblicamente a
deidade absoluta de Jesus. Jesus sempre foi Deus verdadeiro ou passou a sê-lo
depois do Concílio de Nicéia? E o domingo passou a ser dito como dia de
adoração em decorrência do decreto imperial ou os cristãos já o tinham como dia
de adoração?
E o Kipá?
Quanto ao uso do Kipá, atente para o significado desta indumentária judaica segundo judeus messiânicos:
“Kipá – Simboliza que há alguém acima de você – O significado da palavra kipá é “arco”, que fica compreensível quando pensamos em seu formato. A kipá é um lembrete constante da presença de Deus. Relembra o homem de que existe alguém acima dele, de que há Alguém Maior que o está acompanhando em todos os lugares e está sempre o protegendo, como o arco, e o guiando. Onde quer que vá, o judeu estará sempre acompanhado de Deus”.
“É costume judaico desde
os primórdios um homem manter sua cabeça coberta o tempo todo, demonstrando com
isso humildade perante Deus. É expressamente proibido entrar numa sinagoga,
mencionar o nome Divino, recitar uma prece ou bênção, estudar Torá ou realizar
qualquer ato religioso de cabeça descoberta”.
Fica o questionamento: é necessário para um cristão
usar um kipá para lhe lembrar a presença de Deus? É preciso usar esse gorrinho
para não esquecer de que Deus é Soberano e está acima de todos?
Não basta para o verdadeiro cristão o fato de que o
próprio Deus habita em nós por meio do Seu Espírito? Fica o questionamento de
Paulo aos coríntios:
“Não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito de Deus habita em
vós?”
(1 Coríntios
3:16)
Porque os verdadeiros cristãos não guardam a lei Mosaica?
1o – A lei de Moisés foi dada aos filhos de Israel
(Êx.19,3,6). Nós, cristãos gentios, não somos filhos da nação Israel.
2o – Jesus cumpriu a lei cerimonial. Tal
cumprimento significa não apenas sua obediência, mas a satisfação das
exigências da lei cerimonial através da obra de Cristo.
Precisamos entender que os mandamentos da lei Mosaica se dividem em vários tipos. Vamos, basicamente, dividi-los em
mandamentos morais, civis e cerimoniais:
Os mandamentos morais dizem respeito ao tratamento
para com o próximo: Não matarás; Não adulterarás; Não furtarás, etc. Tais
ordenanças estão vinculadas à palavra amor.
Os mandamentos civis são aqueles que regulamentavam
a vida social do israelita. São regras diversas que se aplicam às relações da
sociedade. Um bom exemplo é o regulamento da escravidão.
Os mandamentos cerimoniais são aqueles que se
referem estritamente às questões religiosas. São as ordenanças que descrevem os
rituais judaicos.
A classificação de um mandamento dentro desses
tipos nem sempre é fácil. Algumas vezes, uma lei pode pertencer a dois desses
grupos ao mesmo tempo, já que a questão religiosa está por trás de tudo. A
sociedade israelita era essencialmente religiosa. O Estado e o sacerdócio nem
sempre se encontravam separados. Contudo, tal proposta de classificação já
serve para o nosso objetivo.A lei moral se resume no amor a Deus e ao próximo,
como é dito em Gálatas 5.1.
“Porque toda a lei se cumpre em um só preceito, a
saber: Amarás o teu próximo como a ti mesmo”
Gálatas 5.1
Os princípios morais permanecem válidos no Novo
Testamento. Hoje, não matamos o próximo, mas não por causa da lei de Moisés e
sim por causa da lei de Cristo.
“Levai as cargas uns dos outros e,
assim, cumprireis a lei de Cristo”
(Gálatas 6.2)
A lei de Cristo é a lei do amor a Deus e ao
próximo!As leis civis do povo de Israel não se aplicam a
nós. Além dos motivos já expostos, nossas circunstâncias são bastante
diferentes e temos nossas próprias leis civis para observar. O cristão deve
obedecer as leis estabelecidas pelas autoridades humanas enquanto essas leis
não estiverem ordenando transgressão da vontade de Deus.
“Todo homem
esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há autoridade que não
proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituídas”
(Romanos13.1)
As leis cerimoniais judaicas foram abolidas por
Cristo na cruz (o significado de cada uma delas se cumpriu em Cristo). Por esse
motivo, mesmo os judeus que se convertem hoje ao cristianismo estão dispensados
da lei cerimonial judaica. Por isso, não fazemos sacrifícios de animais, não
guardamos o sábado, não celebramos as festas judaicas, etc.
Se alguém quiser observar algum costume judaico,
isso não constituirá problema, desde que a pessoa não veja nisso uma condição
para a salvação e nem prometa através destas coisas tornar alguém mais
espiritual como vemos em Romanos 14:1-8.
“1 Acolhei ao que é débil na fé, não, porém, para discutir opiniões.
“1 Acolhei ao que é débil na fé, não, porém, para discutir opiniões.
2 Um crê que de tudo
pode comer, mas o débil come legumes;
3 quem come não despreze
o que não come; e o que não come não julgue o que come, porque Deus o acolheu.
4 Quem és tu que julgas
o servo alheio? Para o seu próprio senhor está em pé ou cai; mas estará em pé,
porque o Senhor é poderoso para o suster.
5 Um faz diferença entre
dia e dia; outro julga iguais todos os dias. Cada um tenha opinião bem definida
em sua própria mente.
6 Quem distingue entre
dia e dia para o Senhor o faz; e quem come para o Senhor come, porque dá graças
a Deus; e quem não come para o Senhor não come e dá graças a Deus.
7 Porque nenhum de nós
vive para si mesmo, nem morre para si.
8 Porque, se vivemos,
para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. Quer, pois, vivamos
ou morramos, somos do Senhor ”
(Romanos 14:1-8)
O problema é justamente a conotação dada a essas festas e aos costumes judaicos por pessoas de movimentos judaizantes. Por exemplo, dizem que se não celebrarmos as festas estaremos sendo devedores ao Senhor e que celebrar seria repreender o “espírito de Roma” da Igreja, que o Evangelho estaria de volta a Jerusalém, etc.
Celebrar uma festa judaica na igreja como
representação simbólica do período vetero-testamentário nada tem de mais, no
entanto, colocar isso como obediência de mandamento é certamente abandonar a
graça de Deus e voltar a Lei.Já há gente se vestindo de pano de saco e
banhando-se de cinzas para mostrar arrependimento. Em certos ambientes, para se
aproximar do púlpito é preciso que os crentes tirem os calçados, pois estariam
pisando em “lugar santo”. Com isso, a obra de Cristo estará sendo colocada em
segundo plano, como algo incompleto e insuficiente, como fica claro em Gálatas
5.4-6
“De Cristo vos desligastes, vós que procurais justificar-vos na lei; da
graça decaístes. 5 Porque nós, pelo Espírito, aguardamos a esperança da justiça
que provém da fé. 6 Porque, em Cristo Jesus, nem a circuncisão, nem a
incircuncisão têm valor algum, mas a fé que atua pelo amor”
(Gálatas
5.4-6)
Além de tudo isso, é bom que citemos as palavras de
Paulo:
“..não estais debaixo da
lei mas debaixo da graça.”
(Rm.6.14)
O Pastor Isaltino Gomes Coelho Filho escreveu o seguinte sobre a rejudaização da Igreja:
A rejudaização do evangelho tem um lado comercial e
outro teológico. O comercial se vê nas propagandas para visita à “Terra Santa”.
O judaísmo girava ao redor de três grandes verdades: um povo, uma terra e um
Deus. No cristianismo há um povo, mas não mais como etnia. A Igreja é o novo
povo de Deus, herdeira e sucessora de Israel, composta de “homens de toda
tribo, e língua e povo e nação” (Ap 5.9). Há também um Deus, que se revelou em
Jesus Cristo, sua palavra final (Hb 1.1-2). Mas não há uma terra santa. No
cristianismo não há lugares e objetos santos. O prédio onde a Igreja se reúne e
que alguns chamam, na linguagem do Antigo Testamento, de “santuário”, não é
santuário nem morada de Deus. É salão de cultos. O Eterno não mora em prédios,
mas em pessoas. Elas são o santuário (At 17.24, 1Co 3.16, 6.19 e Hb 3.6). Deus
não está mais perto de alguém em Jerusalém que na floresta amazônica, nos
condomínios, favelas e cortiços das grandes cidades. No cristianismo, santo não
é o lugar. São as pessoas. Não é o chão. É o crente. E Deus pode ser encontrado
em qualquer lugar. Não temos terra santa, e sim gente santa.
A propaganda gera uma teologia defeituosa. Pessoas
vão à Israel para se batizar nas águas onde Jesus se batizou. Ora, o batismo é
único, singular e sem repetição. Ele segue a conversão e mostra o engajamento
da pessoa no propósito eterno de Deus. Uma pessoa que foi batizada, após
conversão e profissão de fé, numa igreja bíblica, não se batiza no rio Jordão.
Apenas toma um banho. E, sem o sentido filosófico do ser e do vir a ser de
Heráclito, aquele não é o Jordão onde Jesus foi batizado porque as águas são
outras. As moléculas de hidrogênio e oxigênio que compunham aquele Jordão podem
estar hoje em alguma nuvem. Ou na bacia amazônica. Ou no mar. Até no Tietê. É
mero sentimentalismo e não identificação com Jesus. É lamentável que pastores
conservadores em teologia “batizem” crentes já batizados no Jordão. Isto é
vulgarizar o batismo, tirando seu valor teológico.
Não sou contra turismo. Faça-o quem puder e
regozije-se com a oportunidade. Sou contra o entortamento da teologia como
apelo turístico. Temos visto pastores com sal do mar Morto, azeite do monte das
Oliveiras (há alguma usina de beneficiamento de azeitonas lá?) e até crucifixos
feitos da cruz de Jesus (pastores evangélicos, sim!). Há um fetichismo com
terra santa, areia santa, água santa, sal santo, folha de oliveira santa, etc.
No cristianismo as pessoas são santas, mas as coisas não. A rejudaização
caminha paralelamente com a superstição e feitiçaria. É parente da paganização.
Não estou tecendo uma colcha de retalhos. Tudo isto é produto de uma
hermenêutica defeituosa, que não compreende as distinções entre os dois
Testamentos, os critérios diferentes para interpretá-los, a pompa e liturgia do
judaísmo em contraposição à desburocratização do cristianismo e que a palavra
final de Deus foi dada em Jesus Cristo. É o NT que interpreta o AT e não o AT
que interpreta o NT.
Um outro fator abordado pelo pastor Isaltino é a
tal “restauração do sacerdócio”. O pastor visto como um intermediário da
relação do homem com Deus. Sabemos que no NT o sacerdócio universal do crente
fica claro, nem um filho de Deus precisa de sacerdotes humanos para ter acesso
ao Pai. Temos a Cristo como o nosso Mediador:
Entretanto, a incidência do uso do termo “leigo”
para os não consagrados aos ministérios é reveladora. Todos nós somos
ministros, pois todos somos servos. E todos somos leigos, porque todos somos
povo (é este o sentido da palavra “leigo”, alguém do povo). Não temos clero nem
laicato. Somos todos ministros e somos todos povo. Mas cada vez mais as bases
ministeriais são buscadas no Antigo Testamento e não no Novo. Usamos os termos
do Novo com a conotação do Antigo. O pastor do NT passa a ter a conotação do
sacerdote do AT. É o “ungido”, detentor de uma relação especial com Deus que os
outros não têm. Só ele pode realizar certos atos litúrgicos, como o sacerdote
do AT. Por exemplo, batismo e ceia só podem ser celebrados por ele. Assumimos
isto como postura, mas não é uma exigência bíblica. Na batalha espiritual isto
é mais forte. Os pastores tornam a igreja dependente deles. Só eles têm a
oração poderosa, a corrente de libertação só pode ser feita por eles e na
igreja, só eles quebram as maldições, etc.
O sentido teológico do sacerdote hebreu parece
permear fortemente o sentido teológico do pastor neotestamentário na visão
destas pessoas. Este conceito convém ao pastor que prefere ser chamado de
“líder”. Ele se torna um homem acima dos outros, incontestável, líder que deve
ser acatado. Tem uma autoridade espiritual que os outros não tem. O Antigo
Testamento elitiza a liderança. O Novo Testamento democratiza. Para os líderes
destes movimentos, o Novo Testamento, a mensagem da graça e a eclesiologia
despida de objetos, palavras e gestual sagrados não são interessantes. Assim,
eles se refugiam no AT. Por isso há igrejas evangélicas com castiçais de sete
braços e estrelas de Davi no lugar da cruz, bandeira de Israel, guardando
festas judaicas, e até incensários em seus salões de cultos. Há evangélicos que
parecem frustrados por não serem judeus. A liturgia pomposa do judaísmo é mais
atraente e permite mais manobra ao líder que se põe acima dos outros.
Concluindo, a atração pelo poder é maio dor que o desejo de servir.
A resposta de Paulo aos Judaizantes da Galácia:
A perniciosidade da influência judaica na Galácia estava no fato de atentar contra a essência do evangelho. Os judeus queriam acrescentar a circuncisão como condição para a salvação. Se assim fosse, o cristianismo seria apenas mais uma seita do judaísmo. Então, Paulo vem reforçar o ensino de que a salvação ocorre pela fé na suficiência da obra de Cristo. Para se conhecer a suficiência é preciso que se entenda o significado. Em sua exposição, Paulo toma Abraão como exemplo, assim como fez na epístola aos Romanos, afirmando que o patriarca foi justificado pela fé e não por obediência à lei. Tal exemplo era de grande peso para o judeu que lesse a epístola. Na seqüência, o apóstolo expõe diversos aspectos da obra de Cristo e do Espírito Santo na vida do salvo sem as imposições da lei.
Comparação entre características e efeitos da Lei e da Graça:
A lei mosaica se concentrava em questões visíveis, embora não fosse omissa com relação ao espiritual. Os pecados ali proibidos eram, principalmente, físicos. Assim também, a adoração era bastante prática. Seus preceitos determinavam o local, a postura, a roupa, o tempo apropriado, etc. No Novo Testamento, Jesus vem transferir a ênfase para o espiritual, embora não seja omisso em relação ao físico. Ao falar com a mulher samaritana, Jesus observa que ela estava muito preocupada com os aspectos exteriores da adoração a Deus. Isso era característica da ênfase do Velho Testamento. Jesus lhe disse:
“A hora vem e
agora é em que os verdadeiros adoradores adorarão ao Pai em espírito e em
verdade”
(João 4.23)
Contrastes entre a Lei e a Graça:
- LEI / MOISÉS:
Mostra o pecado
Enfatiza a carne
Traz prisão e morte
Infância
Traz maldição.
- GRAÇA / JESUS / CRUZ:
Perdoa o pecado
Enfatiza o espírito
Traz libertação e vida
Maturidade
Leva a maldição
Aponta pra Cristo
Conduz ao Pai.
Preservação da liberdade:
Paulo admoestou os gálatas para que se lembrassem do significado da obra de Cristo, a qual teve o objetivo de libertá-los. Agora que eram livres, não deveriam voltar ao domínio da lei.
Voltar à lei é negar a graça e perder os seus
efeitos, ele mostra isso enfaticamente no Capítulo 5. É renunciar aos direitos
de filho e voltar a viver como servo (Sara e Hagar). É renunciar à liberdade
cristã, a qual foi comprada pelo precioso sangue do nosso Senhor. A história de
Israel foi uma sequência de cativeiros e libertações. Não podemos permitir que
a nossa vida seja assim.
Os judaizantes estavam querendo impor a marca da
circuncisão como se esta fosse um valor cristão. Entretanto, Paulo conduz os
gálatas a um exame mais profundo da questão. O sinal exterior tem valor quando
corresponde à condição interior. Como disse aos Romanos:
“a circuncisão é
proveitosa se tu guardares a lei...”
(Rm 2.25)
Então, o que seria evidência fiel
do interior humano? As obras da carne e o fruto do espírito. São marcas do
caráter e se revelam nas ações. Estas são as marcas mais importantes na vida de
um ser humano. Entretanto, se os judaizantes faziam mesmo questão de marcas
físicas, Paulo possuía as “marcas de Jesus”, sinais de todo o seu sofrimento
pela causa do Evangelho.
“Quanto ao mais, ninguém me moleste; porque eu trago no
corpo as marcas de Jesus”
(Gálatas 6.17)
O mesmo Paulo, escrevendo aos irmãos em Colossenses
2:16-17, diz: “Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia
de festa, ou lua nova, ou sábados, porque tudo isso tem sido sombra das coisas
que haviam de vir; porém o corpo é de Cristo”.
Cristo é a Luz do mundo, quem está em Cristo não
anda em trevas. Por que então voltarmos às sombras? É isso que Paulo deixou
claro. Portanto, fica evidente o quanto é descabida a idéia de introduzir
costumes dos judeus nas atividades cristãs como cumprimento de mandamento,
promessas de nova unção e coisas desse tipo.
Deus estabeleceu uma Nova Aliança em Cristo, pois
na primeira os homens se apegaram muito mais aos rituais e aos símbolos do que
ao significado dos mesmos. Passaram a viver uma religiosidade vazia e já no
período do Antigo Testamento, o Senhor mostrava a sua tristeza com relação a
isso:
“Não continueis a trazer ofertas vãs; o incenso é para mim
abominação, e também as Festas da Lua Nova, os sábados, e a convocação das
congregações; não posso suportar iniqüidade associada ao ajuntamento solene. As
vossas Festas da Lua Nova e as vossas solenidades, a minha alma as aborrece; já
me são pesadas; estou cansado de as sofrer”
(Isaías 1:13-14)
Usam mal Mateus 5:17, em que Jesus diz:
“Não
penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, vim para
cumprir”
(Mateus 5:17)
A palavra cumprir utilizada aqui vem do grego
plérõsai, que significa “encher”, “completar”. Jesus não veio revogar ou
destruir nenhuma palavra que Deus ensinara aos fiéis do passado no AT. Veio
cumprir plenamente o propósito de Deus revelado no AT dando à Lei e aos
Profetas aquilo que faltava: o Espírito Santo para interpretá-lo e o poder para
pô-lo em prática, pela sua obra salvadora.
Cristo representa o fim do legalismo de se tentar
cumprir a Lei, como está escrito em Romanos 10:3-4:
“Porquanto, desconhecendo a
justiça de Deus e procurando estabelecer a sua própria, não se sujeitaram à que
vem de Deus. Porque o fim da lei é Cristo, para justiça de todo aquele que
crê”
(Romanos 10:3-4)
Cristo tirou o véu que encobria a Antiga Aliança.
Ele revelou o “espírito” da Lei tornando-se carne. Cumpriu fielmente todas as
ordenanças impostas pela Lei, dando a verdadeira interpretação a elas.
Ainda que Lei ordenasse o apedrejamento de
adúlteras, Cristo perdoou uma mulher apanhada em adultério. Ainda que a Lei designasse
o afastamento dos considerados “puros’ dos leprosos, Cristo se aproximada
deles, os tocava e os curava”.
Cristo trouxe luz sobre o que eram sombras. Por
que, então, voltar à escuridão do legalismo judaico?
Paulo resume esse comportamento da seguinte
forma:
“Mas os sentidos deles se
embotaram. Pois até ao dia de hoje, quando fazem a leitura da antiga aliança, o
mesmo véu permanece, não lhes sendo revelado que, em Cristo, é removido”
(2
Coríntios 3:14 )
é cada uma q esse povo inventa! anulando totalmente a obra de Cristo e a palavra
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