Muitos
têm dificuldades de entender o que é uma Igreja Orgânica por somente conhecer
um modelo, ainda que o modelo de Igreja Orgânica seja bíblico e coerente.
Vejamos
algumas características da Igreja Orgânica:
A forma:
A forma
de uma igreja orgânica expressa a própria vida da igreja tal como a forma do
corpo humano expressa a vida do homem. As igrejas orgânicas não surgem a partir
de estatutos, cargos e/ou de clérigos. Surgem de relacionamentos entre pessoas
que amam a Jesus Cristo.
A
participação nas reuniões da igreja:
As
igrejas orgânicas permitem e encorajam todos os cristãos a funcionarem
ativamente nas reuniões da igreja. Não apenas os “ministros” atuam
privilegiadamente nos cultos. Todos os membros são sacerdotes ativos.
A idéia e
visão de igreja:
As
pessoas nas igrejas orgânicas não associam “igreja” a um edifício-templo. Elas
não vão à igreja – elas, juntas, são a igreja. Isto não é apenas uma teologia.
Os membros experimentam isto de fato.
Os locais
de reuniões:
As
reuniões ocorrem principalmente nos lares dos seus membros. Porém, onde
estiverem dois ou três em nome de Jesus, ali é um local de reunião da igreja.
Há também reuniões maiores com várias igrejas orgânicas juntas em outros locais
maiores (sítios, auditórios etc.).
O que une
a igreja:
Os
membros estão unidos unicamente em função de Cristo nas igrejas orgânicas. Não
em função de um conjunto de tradições ou doutrinas.
O que
sustenta a igreja:
As
igrejas orgânicas são sustentadas por relacionamentos construídos em Jesus
Cristo. Não dependem de um prédio. Não há salário de clérigos. Os recursos
financeiros são gastos com os pobres (principalmente os “entre vocês”) e na
obra missionária.
O
crescimento:
Uma
igreja orgânica cresce naturalmente por atrair pessoas. Não faz campanhas evangelísticas,
embora seus membros evangelizem individualmente ou em pequenos grupos de dois
ou três. Quando o número de pessoas se torna grande demais para caber num lar,
elas simplesmente se dividem em duas. Esse tipo de crescimento é o mesmo
observado em organismos vivos — suas células se multiplicam.
O foco
principal:
O foco de
uma igreja orgânica está em possuir Jesus Cristo corporativamente, em uma
comunidade face a face. Tudo mais surge a partir disto. Não está preocupada com
a freqüência aos cultos, ou com os prédios da igreja, nem com orçamentos (elas
não possuem os dois últimos).
O
calendário anual:
As
igrejas orgânicas passam naturalmente pelas estações do ano. Não estão ligadas
a calendários rituais.
Os dons
espirituais:
Nas
igrejas orgânicas, os dons não são vistos como ofícios, mas sim como funções.
Eles emergem naturalmente e organicamente, com o tempo. Eles crescem “do solo”,
e as pessoas que recebem os dons de Deus não são intituladas, nem recebem
mandatos.
O
relacionamento entre os membros:
Em uma
igreja orgânica existe uma comunidade fortemente unida. Os membros são como uma
família uns para os outros. Eles vivem uma vida compartilhada em Cristo. Eles
se conhecem profundamente, compartilham refeições e não se veem apenas nos
cultos da igreja.
A
liderança:
A
liderança surge a partir do corpo. Plantadores de igreja equipam os santos no
início da igreja, e presbíteros (quando surgem) supervisionam a igreja juntos.
A tomada
de decisões:
As
decisões são tomadas por todos, em consenso. Não somente pelos ordenados ou por
um conselho de ministros.
Os
pastores ou presbíteros:
O alvo é
que exista mais de um pastor em cada igreja. A liderança é plural a partir de
um grupo de presbíteros com no mínimo dois presbíteros. Os pastores, nas igrejas
orgânicas, são aqueles membros que possuem dons de pastoreio e cuidam do
rebanho. Não são ordenados, mas reconhecidos pelo seu amor, integridade,
sabedoria e conhecimento bíblico.
A Igreja
Institucional versus a Igreja Orgânica:
Milhares
de evangélicos e igrejas protestantes em todo o planeta dizem que “a Igreja é
um organismo e não uma organização.” Infelizmente, para muitos esta expressão
se tornou um mero chavão e muitas pessoas não têm a menor idéia do que isso
quer realmente dizer na prática. Mas, afinal, como é uma comunidade que
realmente vive e se expressa de forma orgânica? Neste artigo, Frank Viola
fala a respeito de algumas diferenças entre uma igreja que opera de acordo com
instintos e natureza orgânicos e uma igreja que opera como uma organização
institucional (ou seja, uma igreja “organizada” ou “institucional”).
Antes de
nos aprofundarmos nas diferenças entre uma Igreja orgânica e uma Igreja
institucional, permita-me ressaltar que o termo “igreja orgânica” está na moda
nos dias atuais. Tornou-se comum diferentes tipos de igrejas usarem o termo
para se descreverem. O mesmo acontece com o termo “igreja missional”. Ambas as
expressões são como barro, sendo moldadas pelos mais diversos autores de formas
diferentes. As vezes, extremamente diferentes.
Dito
isso, entendamos que a experiência do Corpo de Cristo é algo totalmente
orgânico. Isso é, brota da vida, da vida de Deus, e não de métodos
organizacionais humanos. Claramente, a Igreja que vemos no Novo Testamento era
totalmente “orgânica”. Em outras palavras, nasceu e foi sustentada por meio de
uma vida espiritual, ao invés de ser construída por estruturas humanas. Usarei
uma ilustração: uma laranja criada em laboratório não seria orgânica. Mas se eu
plantasse uma semente no solo e nascesse uma laranjeira, esta árvore seria
orgânica.
Em suma,
a diferença entre uma igreja organizada e uma igreja orgânica é tão grande
quanto refrescar-se em frente a um ventilador e ir para fora em um dia fresco.
É a mesma diferença entre a General Motors e uma horta.
Organização
versus Organismo:
Vejamos
de forma mais específica as diferenças entre uma expressão orgânica de igreja e
uma forma organizada (ou institucional) de igreja:
Na Igreja
institucional, a forma precede a vida da igreja. A Igreja começa com clérigos,
cargos, programas, rituais, etc. Já em uma expressão orgânica, a forma da
Igreja deriva da vida Igreja, assim como a forma do corpo humano deriva da vida
do ser humano.
A Igreja
institucional se sustenta no ministério de um clérigo ou ministro profissional.
Em uma expressão orgânica de Igreja, não há clérigos ou ministros.
Na Igreja
institucional, o clero se empenha em entusiasmar os leigos. A Igreja orgânica
não reconhece tal distinção de classes.
Na Igreja
institucional, certas funções estão limitadas aos “ordenados”. A Igreja
orgânica reconhece todos os membros como sacerdotes atuantes.
Na Igreja
institucional, seus congregantes são mantidos passivos durante o culto de
domingo. Na Igreja orgânica, todos os membros são encorajados a participar nas
reuniões da Igreja.
Na Igreja
institucional, os membros associam a Igreja a um prédio, uma denominação ou um
culto (normalmente no domingo). Na Igreja orgânica, enfatiza-se que as pessoas
não vão à Igreja. Elas (juntas) são a Igreja. Essa não é uma mera afirmação
“teologicamente correta”. É a experiência de seus membros.
A Igreja
institucional é unida em torno de um conjunto de costumes e doutrinas. A Igreja
orgânica é unida em torno de Jesus Cristo. Não há nenhum outro critério para a
comunhão.
A Igreja
institucional é sustentada por programas. A Igreja orgânica se sustenta nas
relações construídas em Jesus Cristo.
A Igreja
institucional depende de finanças para sobreviver – seus gastos principais são
com a manutenção de prédios e cargos assalariados. A Igreja orgânica não
depende de edifícios. Não há clérigos assalariados. Os recursos financeiros são
gastos com “os pobres entre vós” e em obras extra-locais.
Na Igreja
institucional, a liderança é hierárquica. Na igreja orgânica, a liderança emana
do Corpo. No início, apóstolos 1
equipam a Igreja e, posteriormente, presbíteros emergem para juntos
supervisionarem a comunidade.
Na Igreja
institucional, as decisões são feitas por clérigos ou por uma junta de
representantes eleitos. Na Igreja orgânica, decisões são tomadas coletivamente,
em consenso.
Na Igreja
institucional, o pastor é o líder e ministro da Igreja. Na Igreja orgânica, há
uma pluralidade de pastores. Eles são homens dotados para cuidar do rebanho.
Na Igreja
institucional, há uma forte ênfase na frequência dos cultos de domingo, na
manutenção do edifício e no aumento das finanças. Na Igreja orgânica, a ênfase
é buscar o Senhor Jesus Cristo coletivamente, em comunhão “cara a cara”. Todas
as outras coisas nascem a partir desta experiência.
A Igreja
institucional faz essencialmente a mesma coisa semana após semana, mês após
mês, ano após ano – está atada a um ritual. A Igreja orgânica passa por fases.
Não está atada a um ritual.
Na Igreja
institucional, dons são vistos como cargos. Pessoas são colocadas nestes cargos
desde o princípio. Na Igreja orgânica, dons não são vistos como cargos, e sim
como funções. Eles emergem natural e organicamente com o tempo. Eles brotam da
terra, e normalmente não carregam títulos.
Na Igreja
institucional, é típico que os membros não se conheçam muito bem, e se vejam
apenas semanalmente nos cultos da igreja. A Igreja orgânica é sedimentada na
comunhão. Os membros são como uma família uns para os outros. Eles vivem uma
vida compartilhada em Cristo.
Extraído e adaptado do artigo “Organizational vs. Organic” (por Frank Viola) na Revista Neue, Novembro 2009.
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