Consta na história da humanidade que, conforme registrado na Bíblia desde Jubal (Gênesis 4.21), os instrumentos musicais eram utilizados nas celebrações religiosas, eventos sociais, celebrações, funerais, nas guerras, etc.
Os instrumentos percussivos também estão incluídos nos registros arqueológicos e antropológicos da humanidade passando por uma grande evolução desde os seus primórdios.
Para falar da bateria vou começar do final do século XIX início do século XX, pois foi a partir desta época que a utilização da percussão recebeu sua maior e mais significativa transformação e desenvolvimento.
Até 1900 eram comum às orquestras e bandas utilizarem até 3 percussionistas para executarem suas músicas. Sendo que um tocava o bumbo, outro a caixa e outro os pratos.
Era assim na minha adolescência quando eu tocava um instrumento de sopro na fanfarra da escola nos anos 80. Mas esta é outra história.
Voltando ao final do século XIX os primeiros passos para o que hoje chamamos de bateria foram dados. Em 1899 uma estante para apoiar a caixa foi desenvolvida por uma empresa chamada U.G. Leedy.
Até então os músicos utilizavam cadeiras para apoiar as caixas ou as penduravam nos ombros com correias. A invenção da estante de caixa tornou possível o surgimento da bateria.
Em 1900 o percussionista chamado William F. Ludwig utilizava um pedal fabricado pela empresa chamada Leedy Manufacturing com mecanismo complexo, mas não muito eficaz para seus anseios. Com este pedal só era possível tocar duas batidas por compasso e ele desejava tocar 4 por compasso.
A fim de preservar seu emprego e ser de fato imprescindível, em 1910 ele conseguiu desenvolver um pedal de madeira que lhe deu mais velocidade e agilidade na execução de seu bumbo.
A eficácia foi tão grande que muitos percussionistas se interessaram ao ouvirem falar do novo pedal. Foi necessário que o engenheiro Robert Danly, cunhado de William F. Ludwig, se envolvesse no processo e juntos desenvolveram um pedal de aço que foi vendido para milhares de percussionistas no mundo todo.
Estas duas invenções, a estante de caixa e o pedal de bumbo, tornou possível que um único músico executasse o que antes era feito por 3.
Antes da primeira guerra mundial, os sets de bateria eram constituídos de um Bumbo de 22” ou incríveis 32”de diâmetro (a minha bateria tem um Bumbo de 18”), uma caixa, blocos de madeira e triângulos e um braço no formato de L para pratos Crash.
Não muito tempo depois foi incorporado os Tons, Tons chineses que usavam peles de animais, geralmente de porcos, que eram pregadas no casco e não permitiam afinação.
Neste período as caixas e bumbos utilizavam peles de bezerro enroladas em aros e estes eram fixados nas bordas dos cascos. Isto permitia afinação destas peças.
Nos anos 20 do século passado, após a primeira guerra mundial, a indústria como um todo se desenvolveu muito e os fabricantes de bateria também apresentando novos projetos e soluções.
A Leedy Manufacturing desenvolveu as primeiras canoas ajustáveis, a já consolidada Ludwig e Ludwig fornecia os melhores automáticos de caixa enquanto a Walberg & Auge de Worcester fornecia todas as ferragens e um suporte para pratos que fazia com que dois pratos se chocassem e era tocado somente com os pés devido à baixa altura deste mecanismo.Aliás, o surgimento dos primeiros pratos de metal data do século XII na Assíria e eram do tamanho da palma da mão.
Mais tarde, após a guerra, alguns bateristas de jazz que desejavam tocar estes dois pratos também com as mãos, conduziu a evolução para os suportes de chimbal que conhecemos hoje pois solicitaram o aumento da altura destes suportes.
Na metade dos anos 30 o baterista Gene Grupa, com seu prestígio, conseguiu convencer um fabricante a desenvolver um Tom, tom que pudesse ser afinado. Foi quando os Tons chineses deixaram de ser utilizados e saíram de cena.
O estilo, técnica e a configuração das peças que Gene Grupa utilizava se tornou tão popular que durante 30 anos esta configuração foi imitada dando início aos kits “pré-montados” que os fabricantes e lojas oferecem ainda hoje.
Nos anos 40, devido à segunda guerra mundial, a inovações quase inexistiram sendo retomadas logo após o seu término.
As peles sintéticas surgiram nos anos 50 e 60 inventadas por
Marion Evans e comercializadas por Remo Belli. Este “casamento” permitiu a suprimento da enorme demanda do final dos anos 50 e início dos anos 60 por “kits pré-montados” de bateria também impulsionada pelo sucesso mundial de algumas bandas.
Foi nesta época também que as canoas, as ferragens e os suportes em geral evoluíram muito e o número de camadas nos cascos subiu de 3 para 6 influenciando diretamente a sonoridade e durabilidade das baterias.
Nos anos 70 muitas mudanças aconteceram principalmente nos suportes de tons que ficaram mais resistentes podendo suportar até 3 tons com ajustes e regulagens de memória que até hoje são utilizados.
Nesta década entram no mercado as fabricantes japonesas e nos anos 80 surgem as percussões eletrônicas. As baterias eletrônicas são uma evolução destas percussões eletrônicas e começam a se destacar no mercado.
Hoje uma grande e consolidada indústria supre desde os bateristas iniciantes até o mais virtuosos.
Os próximos passos no desenvolvimento deste instrumento parecem estar voltados principalmente para as eletrônicas, que já dispõe de modelos com performances idênticas as acústicas mas com custo ainda altíssimo e inacessível para a esmagadora maioria dos instrumentistas.
Vamos observar e acompanhar este desenvolvimento atentamente.
Espero que este artigo tenha te ajudado a conhecer um pouco mais sobre este magnífico instrumento.
Um forte abraço e até a próxima.
Por: Jefferson Ilário. © 2016 Portal Adorando
Neil Peart, baterista do Rush
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