terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Biografia : Um Herói Chamado Janusz Korczak.

Deus ama as crianças. O coração de Deus se move na direção dos órfãos e Ele nos dá esta ordem:“Defendei o direito do órfão” (Is 1.17). Durante o Holocausto nazista, um certo homem fez exatamente isso.Ele nasceu em 1878 na cidade de Varsóvia, Polônia, e seu nome de nascimento era Henryk Goldszmit. Os pais de Henryk eram etnicamente judeus, mas praticavam muito pouco do judaísmo. Eles também eram ricos. Entretanto, a infância de Henryk foi tudo menos alegre. Seu pai o ofendia verbalmente com insultos. Sua mãe o mimava e reprimia. Quando Henryk chegou à idade de 11 anos, seu pai começou a sofrer uma série de colapsos nervosos que culminaram no empobrecimento da família. Com 18 anos de idade, Henryk sofreu a perda de seu pai que morreu num hospício.Tais experiências deram forma à causa que Henryk abraçaria por toda a sua vida. Ele repudiou a freqüente tirania dos poderosos sobre os fracos, a tirania dos ricos sobre os pobres, a tirania dos adultos sobre as crianças, bem como assumiu a missão de reformar a sociedade e ajudar aos necessitados.Para cumprir sua missão, Henryk ingressou na medicina, especializando-se em pediatria. Enquanto cursou a universidade, ele cobrava valores exorbitantes de consulta dos seus pacientes abastados, de modo que pudesse ir aos cortiços e favelas para tratar dos pobres a baixo custo. Durante aqueles dias, Henryk também começou a escrever e publicar suas experiências entre a população carente, a fim de chamar a atenção para a sua condição deplorável. Além disso, adotou o nome de Janusz Korczak, um nome mais polonês na sua sonoridade, pelo qual se tornou conhecido por toda a Polônia como um médico que cuidava dos miseráveis e advogava a causa das crianças. “Eu lhes digo”, escreveu Korczak, “Nunca vi cena mais cruel do que a de um bêbado que espanca uma criança ou do que a de uma criança que entra num boteco e implora: ‘Papai, vem pra casa!”’. Em 1912, Korczak tomou a difícil decisão de deixar a prática da medicina numa clínica infantil para se tornar o diretor e médico de um novo orfanato judeu em Varsóvia o qual abrigava 100 crianças. Depois da Primeira Guerra Mundial, ele acumulou a responsabilidade de dirigir mais um orfanato, este para crianças não-judias.

Korczak dirigiu seus orfanatos conforme a “Children’s Republic” (i.e., “República das Crianças”) que ele delineou em sua famosa obra How to Love a Child (“Como Amar Uma Criança”), na qual enfatizou a importância de se respeitar as crianças e permitir-lhes governar a si mesmas. Embora alguns de seus métodos possam ser questionáveis para o uso no lar, eles provaram ser eficazes naqueles orfanatos. Um levantamento referente a um período de 20 anos demonstrou que 98% dos órfãos com quem Korczak trabalhou se desenvolveram em cidadãos produtivos e equilibrados.
 Após tomar o controle de Varsóvia em 1939, os alemães construíram um gueto cercado por um muro, no qual confinaram os judeus da cidade e das redondezas antes de enviá-los para os campos de concentração. Em abril de 1943 os judeus do gueto iniciaram uma heróica resistência durante um mês, mas sucumbiram quando os alemães incendiaram o gueto. Korczak escreveu, ensinou e fez discursos anônimos pelo rádio acerca das crianças e suas necessidades. Ele visitou a Terra Santa por duas vezes e planejava uma terceira visita, possivelmente para lá permanecer, quando a Alemanha invadiu a Polônia em setembro de 1939. A partir do momento que Varsóvia foi tomada pelos alemães, Korczak se viu forçado a deslocar seus órfãos para o recém-criado Gueto de Varsóvia. Quinhentos mil judeus (dos quais 100 mil eram crianças) foram comprimidos e confinados numa área menor do que 2 quilômetros quadrados de extensão. Por dois anos Korczak e sua equipe se esforçaram para cuidar de suas crianças. Ele se dirigia às pessoas para pedir comida, batia de porta em porta para levantar donativos e improvisava recursos para tratamento médico. Para preservar uma certa aparência de normalidade e manter o moral das crianças elevado, Korczak deu continuidade às atividades da rotina diária das crianças, inclusive as práticas de dar recitais de música e de fazer apresentações teatrais. Em 1942, Korczak manteve o registro de um diário por três meses, o qual mais tarde foi encontrado.

Nesse diário ele escreveu: “Eu existo não para ser amado e admirado, mas sim para que eu mesmo aja e ame. Não é dever dos que estão ao meu redor me auxiliar, ao contrário sou compelido pelo dever de cuidar do mundo, cuidar do ser humano”
Em julho de 1942 os nazistas começaram a transferir os habitantes do Gueto de Varsóvia para o campo de extermínio de Treblinka. Em 5 de agosto daquele ano, aqueles 200 órfãos marcharam lado a lado em quatro fileiras sob a liderança de Korczak, de cabeça erguida na direção dos trens que os aguardavam. Apesar das ofertas anteriores de isenção pessoal e salvo-conduto, Korczak permaneceu nas suas incumbências. Ele afirmou: “Não se abandona uma criança doente ou carente durante a noite. Eu tenho duzentos órfãos; num momento como esse, vou ficar ao lado deles a cada minuto”.3 Na última ocasião em que Korczak foi visto, ele mais uma vez estava prestando auxílio às suas crianças ,no interior dos trens.Embora nunca tenha se casado, Korczak deixou um legado duradouro. Tiago em sua carta escreveu:“A religião pura e sem mácula, para com o nosso Deus e Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações...” (Tg 1.27). Janusz Korczak, apesar de não ter sido um crente em Cristo, nem judeu praticante, indubitavelmente exemplificou o princípio desse versículo e estabeleceu um modelo a ser seguido por todos.



Video:
 

As 200 Crianças do Dr. Korczak

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