Korczak dirigiu seus orfanatos conforme a “Children’s Republic” (i.e., “República das Crianças”) que ele delineou em sua famosa obra How to Love a Child (“Como Amar Uma Criança”), na qual enfatizou a importância de se respeitar as crianças e permitir-lhes governar a si mesmas. Embora alguns de seus métodos possam ser questionáveis para o uso no lar, eles provaram ser eficazes naqueles orfanatos. Um levantamento referente a um período de 20 anos demonstrou que 98% dos órfãos com quem Korczak trabalhou se desenvolveram em cidadãos produtivos e equilibrados.
Após tomar o controle de Varsóvia em 1939, os alemães
construíram um gueto cercado por um muro, no qual confinaram os judeus
da cidade e das redondezas antes de enviá-los para os campos de
concentração. Em abril de 1943 os judeus do gueto iniciaram uma heróica
resistência durante um mês, mas sucumbiram quando os alemães incendiaram
o gueto. Korczak escreveu, ensinou e fez discursos anônimos pelo rádio acerca
das crianças e suas necessidades. Ele visitou a Terra Santa por duas
vezes e planejava uma terceira visita, possivelmente para lá permanecer,
quando a Alemanha invadiu a Polônia em setembro de 1939. A partir do momento que Varsóvia foi tomada pelos alemães, Korczak se
viu forçado a deslocar seus órfãos para o recém-criado Gueto de
Varsóvia. Quinhentos mil judeus (dos quais 100 mil eram crianças) foram
comprimidos e confinados numa área menor do que 2 quilômetros quadrados
de extensão. Por dois anos Korczak e sua equipe se esforçaram para
cuidar de suas crianças. Ele se dirigia às pessoas para pedir comida,
batia de porta em porta para levantar donativos e improvisava recursos
para tratamento médico. Para preservar uma certa aparência de
normalidade e manter o moral das crianças elevado, Korczak deu
continuidade às atividades da rotina diária das crianças, inclusive as
práticas de dar recitais de música e de fazer apresentações teatrais. Em 1942, Korczak manteve o registro de um diário por três meses, o
qual mais tarde foi encontrado.
Nesse diário ele escreveu: “Eu existo não para ser amado e admirado, mas sim para que eu mesmo aja e ame. Não é dever dos que estão ao meu redor me auxiliar, ao contrário sou compelido pelo dever de cuidar do mundo, cuidar do ser humano”
Em julho de 1942 os nazistas começaram a transferir os habitantes do Gueto de Varsóvia para o campo de extermínio de Treblinka. Em 5 de agosto daquele ano, aqueles 200 órfãos marcharam lado a lado em quatro fileiras sob a liderança de Korczak, de cabeça erguida na direção dos trens que os aguardavam. Apesar das ofertas anteriores de isenção pessoal e salvo-conduto, Korczak permaneceu nas suas incumbências. Ele afirmou: “Não se abandona uma criança doente ou carente durante a noite. Eu tenho duzentos órfãos; num momento como esse, vou ficar ao lado deles a cada minuto”.3 Na última ocasião em que Korczak foi visto, ele mais uma vez estava prestando auxílio às suas crianças ,no interior dos trens.Embora nunca tenha se casado, Korczak deixou um legado duradouro. Tiago em sua carta escreveu:“A religião pura e sem mácula, para com o nosso Deus e Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações...” (Tg 1.27). Janusz Korczak, apesar de não ter sido um crente em Cristo, nem judeu praticante, indubitavelmente exemplificou o princípio desse versículo e estabeleceu um modelo a ser seguido por todos.
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