sábado, 16 de maio de 2015

Missiologia: A Teolgia da Missão integral e o Evangelho Social.

A Teologia da Missão Integral é um conceito teológico latino-americano que se relaciona com as mais diversas frentes do saber, estabelecendo assim um diálogo com as ciências humanas. Embora seus defensores argumentem uma nova metodologia, a realidade é que partem da Teologia da Libertação com uma fundamentação bíblica mais coerente com princípios evangélicos. Na realidade tal movimento não tem uma metodologia científica de fato, antes se mostra em construção, pois evitam a práxis (ver, julgar, agir), embora a prática se distancie dessa teoria. Ocorre que tal práxis que defendem os condenam, pois vivem na perspectiva ideológica, política e social, e na maioria das vezes partidária de esquerda.
No aspecto prático preferem criar organizações a tomarem a frente em alguma ação social, visto que são mais reconhecidos e remunerados na velha fama e poder. Optam por angariar recursos e distribuí-los em projetos que priorizem a dignidade humana, com princípios e valores cristãos. Evitam associar tal ação à proclamação do Evangelho, a conversão de indivíduos, pois entendem que isso é uma teologia americana/europeia. E como tal defendem a questão de priorizar uma hermenêutica latino americana. Assim como os colonizadores que usavam o Evangelho para outras causa, assim agem os progressistas.
O princípio bíblico, histórico e teológico sempre foi a ênfase na conversão humana à Deus e consequente mudança pessoal e social, na prática de boas obras. Teologicamente esboçam o Reino de Deus como princípio, mas se esquecem que a causa de todos os males, injustiças e pobreza deriva do pecado real e histórico. O profetismo também defendido parte da condenação dos profetas frente à realidade histórica e injusta, porém a causa é a desobediência de Israel à Deus que contamina o sistema social e provoca tais injustiças.
Em resumo pecamos por sermos pecadores, bem como somos pecadores pelo fato de pecarmos. Não é viável separar tal realidade bíblica, onde existe tal condição pessoal ao lado de influências externas, porém a raiz de tudo é o coração corrupto do homem. Preferem o termo práxis ao amor em obras, a utopia à esperança, alienação ao pecado. O novo homem de Marx difere é muito do novo homem em Cristo. Ou seja, na defesa da dignidade humana correm o sério risco de sua emancipação ou autonomia em relação a Deus.
O Reino que Jesus inaugurou e proclamou, com sinais é presente, mas não consumado. O Reino vem de Deus e sepulta toda ideologia ou sabedoria humana. Logicamente tem implicações históricas, bem como no mundo atual, pois somos a luz do mundo. Mas tal sistema não é imposto ou conduzido pelo ser humano (isso se assemelha ao sistema do anticristo, onde haverá desenvolvimento econômico e igualdade social, porém sem Deus). Usam a tática maniqueísta de bem x mal, capitalismo x socialismo, ricos x pobres, europeus/americanos x latinos americanos/africanos quando tais termos estão ultrapassados e existam inúmeras formas de concepção de Estado na atualidade, nenhum plenamente justo, fraterno ou igualitário.
Ela tem como seus principais precursores o equatoriano C.René Padilla, os peruanos Samuel Escobar e Pedro Arana e o porto-riquenho Orlando Costas. No Brasil as principais vozes desta são os pastores Valdir Steurnagel, Ariovaldo Ramos, Ed René Kivitz, Carlos Pinheiro Queirós, Jorge Henrique Barro e o falecido bispo Dom Robinson Cavalcanti. Infelizmente a maioria entende revolução com conversão e renovação de mente e atos, sendo inclinados ideologicamente com a esquerda política. No mínimo injusto não ver o Evangelho social, bem anterior, desde a igreja primitiva. Querem separar o evangelho pessoal do social, a ênfase no arrependimento e conversão ao lado do combate ao sistema vigente. Dividem por interesse, pois a maioria vive com salários , bens e patrimônios que vão de encontro ao que dizem defender.
Seu surgimento acontece oficialmente em 1974, em um Congresso Mundial de Evangelização, na cidade de Lausanne(Suíça), mas sua formulação acontece anteriormente com a organização do CLADE I (Congresso Latino-americano de Evangelização) em 1969 e o surgimento da Fraternidade Teológica Latino-americana. Ao que parece Lausanne não equivale proclamação a ação social em seu documento original, antes são complementares com prioridade ao Evangelho que muda é transforma não só o indivíduo, mas também a sociedade. Só o Evangelho tem esse poder mediante ação do Espírito Santo.
Para a teologia da missão integral, a dignidade humana, o cuidado com o meio ambiente e a luta contra toda a forma de opressão e injustiça são aspectos indissociáveis da mensagem do Evangelho. Segundo a teologia da missão integral, Deus criou o mundo como expressão do seu amor, sendo o ser humano feito à imagem e semelhança de Deus e incubido por Deus para cuidar da sua criação. O pecado é a atitude deliberada da humanidade de resistir a este próposito. E Jesus, portanto, veio reconciliar o ser humano com Deus e, assim, reestabelecer o propósito de Deus para a humanidade e toda a sua criação, por meio daqueles que seguem a Jesus. O problema é que partem da observação da realidade presente, visto que tais elementos sempre foram acompanhados pelo anúncio da mensagem de salvação tanto do Antigo quanto do Novo Testamento. Deve ser entendido que historicamente existiram movimentos que enfatizaram a salvação e se esqueceram de suas implicações sociais. Nisso devemos não só a Missão Integral, mas principalmente a Teologia da Libertação. No entanto, não é tal reconhecimento que nos dá o aval ou direito de reivindicá-los como verdade absoluta.
A teologia da missão integral tem a adesão de evangélicos ligados a diferentes igrejas, com ampla maioria de progressistas ligados ideologicamente e politicamente com a esquerda. Erram ao evitar tratar de questões de doutrinas, mas são coerentes quando não tratam da questão do batismo no Espírito Santo e da contemporaneidade dos dons espirituais, que divide os evangélicos no Brasil em pentecostais e não pentecostais. Todavia, contrapõe-se à teologia dos missionários protestantes anglo-saxões do século XIX na América Latina, que se alicerça na salvação do indivíduo, e à teologia da prosperidade, que enfatiza a fidelidade à Deus como forma do indivíduo obter, em retribuição, benefícios de Deus, como o enriquecimento ou a cura de enfermidades. Entre uma e outra teologia tem muita coisa no meio, talvez a ampla maioria das igrejas evangélicas e dos evangélicos. A teologia da missão integral, portanto, não se restringe à relação entre Deus e o indivíduo, mas contempla também a transformação das relações humanas e das relações dos seres humanos com o meio ambiente, que é parte da criação de Deus. Isso não só a teologia da missão integral como toda a Bíblia, independente da cultura. Parece urgente a mudança sobre a concepção de missão integral, visto preservar o Evangelho, bem como a denúncia aos progressistas que se aproveitam do termo quando o mesmo compete à igreja evangélica atual e não uma elite intelectual que ganha fama e dinheiro, que quer colocar a esquerda no poder e que não vive o que pregam.

O Evangelho Social:

O “evangelho social” foi um movimento do protestantismo norte-americano, influenciado pelo liberalismo teológico. Com o crescimento econômico ocorrido após a Guerra Civil Americana, surge também uma forte crise urbana. Em resposta a essa crise surge uma preocupação com as condições sociais e a igreja, através deste movimente teológico. Seu principal teórico foi Walter Rauschenbusch (1861-1918), um pastor batista e professor de seminário cujo livro "O Cristianismo e a Crise Social" o tornou nacionalmente famoso em 1907. Também escreveu "Cristianizando a Ordem Social" (1912) e "Uma Teologia para o Evangelho Social" (1917).
O movimento buscava responder biblicamente a situação de abandono experimentada pelos trabalhadores e imigrantes que viviam nos cortiços e becos das grandes cidades. O enfoque estava em conceitos como “a implantação do reino de Deus na terra” e a importância de uma “sociedade redimida”. Buscava realizar uma verdadeira transformação da sociedade e enxergava a missão principalmente na realização de ação social.
Surge nesse período um outro movimento, chamado de fundamentalismo, que era caracterizado por forte aversão ao liberalismo. Com a ligação do evangelho social com a teologia liberal, os fundamentalistas passaram a rejeitar não só o novo movimento, mas a própria relação de envolvimento social como algo incompatível com a vida cristã e a pregação do evangelho. A partir desse ponto os “evangélicos” afastaram-se da área social e começaram a rechaçar qualquer proximidade com as questões sociais.

O Congresso Mundial de Evangelização:

 

Nos dias 16 a 25 de Julho de 1974 ocorre na cidade de Lausanne, Suíça, o Congresso Mundial de Evangelização através da articulação do rev Billy Graham e da revista Christianity Today, considerado por muitos o "Vaticano II dos Evangélicos". Foram reunidos cerca de 2,7 mil líderes cristãos de 150 países, dispostos a discutir os novos paradigmas da evangelização mundial. O tema deste congresso era: "Para que a Terra ouça a voz de Deus". A grande marca desse encontro foi a riqueza de conteúdo, principalmente nas vozes dos expoentes Billy Graham, John Stott, Francis Schaeffer e Harold Lindsey. Foram cerca de 250 vozes, divididas entre oradores e painelistas. Entre essas vozes, destacaram-se os latino americanos e os africanos, considerados até então somente consumidores de teologia dos países do Norte. Neste encontro as vozes latino americanas passaram a propor um olhar teológico diferente, a partir de sua realidade. Surge ali a consciência de que ainda que a Bíblia seja a mesma, as preocupações dos países ricos serão totalmente diferentes das preocupações que os países subdesenvolvidos teriam diante das Escrituras. Surge então o Pacto de Lausane, como uma proposta de refletir sobre a atuação da Igreja Cristã e seu contexto social. Construído para ser um documento com caráter doutrinário sólido criado por uma comissão presidida pelo ministro anglicano Jonh Stott.

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