Se não tivermos sempre em mente todas as diferenças entre as dispensações mostradas neste mapa, será impossível compreendermos tudo que deveríamos compreender, seria impossível corretamente interpretar muitas partes da Bíblia, estendendo-se por praticamente todas as doutrinas.
Entre as perguntas que devemos fazer a cada minuto à medida que estamos lendo a Bíblia, estão: Qual o significado literal e exato de cada palavra? Qual é o contexto imediato? Quem está falando (DEUS diretamente? DEUS através de fiel profeta? Um homem falho, mesmo que a Bíblia o registre infalivelmente? O Diabo?) A ele quem está falando? A que dispensação isto se refere? (aos judeus na dispensação da lei? aos crentes da dispensação das igrejas? a quem está na Tribulação? etc.)
Como Cristo pode ser percebido aqui? Qual a aplicação disso tudo para mim, hoje? Em que devo mudar à luz disto? Há alguma ordem de DEUS que preciso obedecer, ou obedecer mais?
Parte I: Dispensacionalismo. Os Eternos Princípios e as Dispensações de DEUS e sua Harmonia.
Os oponentes ao dispensacionalismo têm-nos acusado muitas vezes afirmando, por
exemplo, que nós ensinamos que sob o Velho Testamento os homens eram salvos
pelas obras da lei, enquanto que hoje são salvos pela graça por meio da fé.
Esta acusação é falsa, pois nenhum dispensacionalista que conhecemos crê nem ensina que as obras da lei em si mesmas jamais puderam, nem podem, nem poderão salvar. Ao contrário, cremos e pregamos o que DEUS diz quanto às obras da lei:
"nenhuma carne será justificada diante de
Deus pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado"
Romanos 3:20
e cremos e pregamos o que DEUS diz quanto aos sacrifícios do Velho Testamento:
"é impossível que o sangue dos touros
e dos bodes tire os pecados"
Hebreus 10:4
O homem tem sido sempre salvo pela graça de DEUS, por meio da fé
(Efésios 2:8-9). Nunca houve, nem há, nem haverá outro modo
de ser salvo. Este é um princípio fixo do qual Hebreus 11 testemunha repetidas
vezes.
Porém isto não altera o fato de que:
Porém isto não altera o fato de que:
a) o modo de DEUS tratar com os homens, e os termos de aceitação estabelecidos, por Ele têm sido mudados repetidas vezes através dos séculos e;
b) portanto, a fé n’Ele seria expressa de modos diferentes através dos séculos [por exemplo, hoje não temos que sacrificar cordeiros nas igrejas].
Hebreus 11 também testemunha consistentemente este fato duplo, e
ninguém pode contestá-lo.
Os Princípios de DEUS:
Um princípio é uma regra fixa de moralidade ou de conduta. DEUS possui os mais elevados princípios e nunca se desvia deles.Exemplos:
Ele sempre odiou e odiará o pecado: em todos os tempos o pecado foi e sempre será contrário à Sua natureza Santa.DEUS nunca se desviou, nem se desvia, nem se desviará no mais leve grau, destes princípios. Exemplos:
DEUS sempre se deleitou e sempre se deleitará na justiça, na misericórdia e no amor.
O princípio da lei, ou da justiça, tem continuado imutável ao longo dos séculos. Consideremos 3 assassinatos:
- por Caim antes da Lei,
- por Davi durante a lei,
- e por um crente depois de JESUS.
Ora, Deus odeia estes 3 assassinatos e todos eles precisaram ser pagos (quanto ao destino eterno dos crentes que cometeram este pecado, estes foram pagos na morte de Cristo).
O princípio da fé, ou graça, é igualmente imutável.
- Antes da lei:
"Abraão creu a DEUS e isso lhe foi imputado como justiça"
Romanos 4:3
- Sob a lei:
"Assim também David declara bem-aventurado o homem a quem DEUS imputa a justiça sem as obras"
Romanos 4:6
- Depois da lei:
"Aquele que não pratica, mas crê n’Aquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é imputada como justiça"
Romanos 4:5
As dispensações de DEUS:
O que é uma dispensação?
Enquanto os princípios de DEUS têm a ver com o Seu caráter, com a Sua natureza, as dispensações de DEUS dizem respeito às Suas formas de tratar com os que a Ele estão sujeitos, especialmente com o homem.
Em português, nos dicionários, a palavra "dispensar" apenas quer dizer "distribuir". A palavra "dispensação", portanto, significa o "ato de dispensar ou de distribuir", ou "aquilo que é dispensado ou distribuído". (Por exemplo, nos dispensários médicos os medicamentos são dispensados, distribuídos aos pobres.)
No Novo Testamento em grego, a palavra "oikonomia" é usada 7 vezes e significa "administração ou governo da casa":
- 3 vezes a Almeida e a ACF traduziram "oikonomia" por "mordomia" (Lucas 16:2,3,4), e isto está correto, o que está errado é o que muitos fazem hoje, dando à palavra o sentido pejorativo de gozo de regalias indevidas. O sentido correto continua sendo "administração ou governo da casa".
- 4 vezes a Almeida e a ACF traduziram "oikonomia" por "dispensação" (1Corintios 9:17; Efésios 1:10; 3:2; Colossenses 1:25) e isto está correto, o que está errado é o que muitos fazem hoje, restringindo o sentido da palavra simplesmente a um período de tempo. O sentido correto continua sendo "administração ou governo da casa".
A definição teológica é:
"Uma dispensação é uma maneira [um
sistema] particular de Deus administrar Seu reinar sobre o mundo, à medida que
Ele progressivamente executa Seu propósito para a história do mundo." (Ankenberg)
Dispensação é comumente (mas indevidamente) confundida com o período de tempo que lhe corresponde.
Mudanças nas dispensações de DEUS:
Deve ser evidente até mesmo para o leitor menos atento das Escrituras que, na queda do homem, ocorreu uma grande mudança nos tratos de DEUS com ele. Antes disso Adão e Eva tinham gozado comunhão ininterrupta com DEUS, habitando na inocência estática, no belo jardim do Éden. Porém agora tudo mudou. O pecado separara todos homens de DEUS. Adão e Eva foram expulsos do jardim. Uma profunda percepção de pecado e de vergonha passou a dominá-los. Viram-se nus e tiveram de se vestir. O homem teve de começar a ganhar a vida para si e para a sua família trabalhando arduamente, e a mulher teve que ter filhos com dor. Pior de tudo, o pecado entrara no mundo, e a morte também entrara através do pecado. Certamente que tudo isto envolveu uma mudança nas responsabilidades dos homens para com Deus e para com os outros.
Daqui em diante os tratos de DEUS com os homens foram repetidas vezes mudados. O Governo Humano foi instituído após o dilúvio, com Noé (Gênesis 9:6); a dispensação da promessa começou com Abrão (Gênesis 12:1-3)
"a lei foi dada por Moisés, mas a Graça e a verdade vieram por JESUS CRISTO"
João 1:17
João 1:17
E dispensada por Paulo, o principal dos pecadores salvo pela graça (Efesios3:1-3)
Assim, enquanto os princípios de DEUS nunca mudam, as Suas dispensações, os Seus tratos com os homens, mudam de tempos em tempos. Isto inclui mesmo os termos de aceitação para com DEUS:
- no princípio, eram requeridos sacrifícios cruentos (com sangue) (Gênesis 17:14; Hebreus 11:4);
- depois, mais tarde, foi acrescentada a circuncisão (Gênesis 17:14);
- posteriormente, a obediência a toda a lei Mosaica foi exigida (Exôdo 19:5-6; Romanos 10:5);
- depois, foi requerido:
"o batismo do arrependimento para a remissão de
pecados"
Marcos 1:4 e Atos 2:38
- E, para hoje, a exigência é:
"Aquele que não pratica, mas crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é imputada como justiça"
Romanos 4:5
Estudemos detalhadamente este diagrama:
Diagrama feito pelo Dr. Finnis Jannings Dake, autor das anotações da Bíblia Dake de Estudo |
Notemos que:
1) Este diagrama não pretende indicar que sempre que uma dispensação começou ela cancelou todos os tratos das dispensações anteriores e os substituiu por um trato novo e totalmente diferente. Ao contrário, a maioria das dispensações adicionam mais regulamentações enquanto mantendo muitos dos tratos das dispensações anteriores. Por exemplo: apesar da chamada de Abraão ter introduzido a dispensação da promessa, não trouxe a dispensação precedente a um fim, pois o governo humano ainda hoje se encontra em vigor. A maioria dos efeitos das dispensações são cumulativos ao invés de substitutivos.
2) Apesar de hoje Deus recusar obras para a salvação, requereu-as contudo (como evidências da verdadeira fé) sob outras dispensações. Como já explicamos, isto não aconteceu, porque as obras em si mesmas pudessem salvar, mas porque elas eram a necessária expressão da fé.
3) Aos santos dos séculos passados só lhes era requerido crerem em tudo o que DEUS já tinha revelado até então. Eles eram salvos simplesmente porque confiavam em DEUS e criam em tudo que Ele já havia dito, mesmo eles não antevendo perfeitamente todo o plano de DEUS, particularmente não antevendo perfeitamente CRISTO vertendo Seu sangue por e em lugar deles, nem compreendendo tudo de todos os tipos dados por DEUS.
Dr. Finnis Jennings Dake |
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