Terceira guerra judaico-romana, também chamada de Revolta de
Bar Kokhba, foi uma rebelião de judeus contra o Império Romano,
que explodiu na Judeia, em 132 d.C.. Para os historiadores que
não incluem a Guerra de Kitos entre as guerras judaico-romanas, esta teria sido a
segunda guerra dos judeus contra o domínio romano.
Origens
Há muita
incerteza acerca da causa imediata dessa revolta, pois dela só possuímos
documentação esparsa e não-contemporânea (Dião Cássio
e Eusébio),
além de algumas descobertas arqueológicas nas grutas dos desertos da Judeia.
O que se
sabe é que ela ocorreu após a viagem do imperador Adriano,
pelo Oriente,
entre os anos 130 e 131, ocasião em que ele deixou claro seu propósito de
revitalizar o helenismo
enquanto esteio cultural do Império Romano,
naquela região. Entre seus planos estava a reconstrução de Jerusalém como uma
cidade helenística e onde, sobre o monte do templo, seria erguido um santuário dedicado a Júpiter Capitolino, decisão que feriu os
sentimentos religiosos dos judeus.
Este
parece ter sido o estopim da revolta na Judeia, embora Dião Cássio afirme que ela já
vinha sendo preparada, a partir das comunidades da Diáspora,
desde o levante de 115 d.C. (Segunda guerra judaico-romana).
A revolta:
Quando a
revolta começou, os romanos foram apanhados desurpresa. Grupos de judeus
armados emboscaram coortes
da Legio X Fretensis,
infligindo-lhes pesadas perdas. Ato contínuo, a fortaleza romana em Cesareia foi atacada e parcialmente destruída.
Como um
rastilho de pólvora, a revolta se espalhou por toda a província, com os rebeldes fabricando e
reunindo armas, e fortificando cidades.
O legado
imperial, Quinto Tineio Rufo, que governava a Judeia,
mostrou-se incapaz de sufocar o levante, e mesmo quando o governador da província romana da Síria, Publício Marcelo, recebeu ordens para ajudá-lo,
e deslocou a Legio II Traiana Fortis e a Legio VI Ferrata
para a Judeia, não foi possível impedir que os amotinados tomassem Jerusalém.
O Filho da Estrela:
A essa
altura, evidenciou-se, entre os combatentes judeus, a liderança de um jovem
comandante, Simão bar Koziba, em quem o Rabi Akiva
reconheceu o "Mashiach" (Messias)
davídico, aguardado ansiosamente, e lhe trocou o nome para "bar Kokhba" (filho da estrela). À frente
de seus comandados, Simão entrou em Jerusalém, foi saudado como "Príncipe
de Israel", e proclamou a independência do estado judeu. Moedas foram
cunhadas com os dizeres "Primeiro
ano da libertação de Jerusalém" e "Primeiro ano da redenção de Israel".
Pelas
cartas e outros vestígios arqueológicos descobertos nos desertos a oeste do mar Morto,
tem-se uma ideia do tipo de guerra que os rebeldes empreenderam contra os
romanos, atuando em pequenos grupos, atacando o inimigo de emboscada e
refugiando-se em cavernas. "Em
cada penhasco, em cada rochedo, ocultava-se um guerrilheiro judeu, impiedoso e
desesperado, que não tinha nem esperava misericórdia". Comunidades
de gentios
desprotegidos, tais como os descendentes dos veteranos da Legio XV Apollinaris,
que se tinham estabelecido em Emaús,
em 71, foram atacadas e dizimadas sem piedade. Por cerca de três anos e meio,
esses guerrilheiros atacaram os romanos - legionários e civis.
Essas
cartas também mostram o controle que Simão exercia sobre o povo das aldeias:
confisco de cereais, recrutamento compulsório e outras medidas coercitiva, a
exemplo das praticadas na primeira guerra judaico-romana.
Reação romana:
A
situação tornou-se tão séria que Adriano
despachou para a Judeia seu melhor general, Sexto Júlio Severo, que estava governando a Britânia. Contando com dez legiões, além
de tropas auxiliares (ao todo, cerca de cem mil homens), Severo usou a mesma
tática dos guerrilheiros judeus: dividiu sua forças em grupos de pequenas
unidades móveis, comandadas por tribunos e centuriões,
formando grupos de reação rápida que podiam responder prontamente, sempre que
chegavam relatórios de atividades de guerrilha. Além disso, localizou e cercou
os redutos rebeldes, obrigando-os à rendição ou à morte por fome.
Dião Cássio
nos diz que cerca de 50 esconderijos dos rebeldes foram localizados e eliminados.
Diz também que 985 vilas judias foram destruídas na campanha e 580 mil judeus
mortos pela espada (além dos que morreram por fome).
Até que,
em 135, Severo finalmente encurralou bar Kokhba em Betar, seis milhas a
sudoeste de Jerusalém. Apesar da tenacidade de seus defensores, o reduto foi
invadido e os romanos massacraram todos os que nele encontraram. Foi o fim do
"Filho da Estrela" e da terceira revolta judaica.
Depois
Terminada
a guerra, a Judeia estava devastada. Dião Cássio
descreve-a como "quase um deserto". Centenas de milhares de judeus
morreram lutando, de fome ou por doenças. Prisioneiros judeus abarrotavam os
mercados de escravos, aviltando os preços dos cativos ("Um escravo
tornou-se mais barato do que um cavalo"). Os inaptos ao trabalho eram
enviados aos circos, para servir de entretenimento a plateias sanguinárias, que
apreciavam vê-los ser retalhados pelas lâminas dos gladiadores
ou dilacerados pelas presas de animais selvagens.
Os
romanos também sofreram perdas consideráveis. Em 135 d.C., ao informar ao senado
sobre o fim da guerra, o imperador Adriano,
preferiu omitir a fórmula habitual: "Eu e as legiões estamos bem".
Jerusalém
foi reconstruída de acordo com o projeto do imperador, recebendo o nome de Élia Capitolina,
onde os judeus ficaram proibidos de entrar, sob pena de morte, enquanto o nome
da província foi mudado de Judeia para Síria Palestina
(Syria Palaestina).
Além
disso, um édito imperial que combatia a prática da mutilação, equiparou a circuncisão
à castração,
proibindo os judeus de praticá-la. E como os recalcitrantes se valessem de
argumentos religiosos, ficaram também proibidos o ensinamento da Torah e a ordenação de
novos Rabinos.
Rabi Akiva
negou-se a obedecer, continuando a dirigir o povo judaico. Surpreendido ensinando
a Torah, pagou com a vida sua fidelidade à Lei Mosaica.
E quem foi Simom Bar Kokhba?
Simão bar Kokhba (em hebraico
שמעון בר כוכבא, Shime'on bar
Kokhba), também grafado como bar
Kochba, bar Cochba ou bar Kosba, foi um líder judeu, que comandou a
terceira revolta judaica contra o Império Romano,
ocorrida de 132 a 135. Essa rebelião ficou
conhecida como Revolta de Bar Kokhba.Segundo o historiador israelense, Eli Birnbaum, poucas personalidades da
história judaica
foram tão enigmáticas e controvertidas quanto Simão bar Kokhba, cujo nome de
nascença era Simão bar Koziva (em grego, Chösiba). Para alguns, ele foi
um herói que tentou unir o povo judeu e livrá-lo do domínio de Roma. Para outros, foi um
indivíduo egocêntrico com ilusões messiânicas de grandeza.Há poucas informações
escritas sobre bar Kokhba, parte delas oriundas de documentos encontrados no
Deserto da Judeia,
pelo arqueólogo, militar e político israelense,
Yigal Yadin. Há também algumas poucas
referências nas obras de Dion Cássio
e de Eusébio.Mas
ainda que as fontes sejam exíguas, é possível
afirmar que a saga desse
guerreiro está intrinsecamente ligada ao Rabi Akiva,
lider do Sinédrio
(Sanhedrin), estabelecido na cidade de Usha. Foi o apoio que ele recebeu do
rabi que lhe deu o poder e a força para liderar a revolta contra o Império Romano.
Aliás, foi Akiva quem lhe mudou o nome para bar Kokhba, que significa
"filho de uma estrela", acreditando que ele poderia se tornar o
"mashiach" (Messias)
do povo judeu, como se lê no Talmud:
Telegrama escrito em moeda de prata por Bar Kokbah |
Quando Rabi Akiva o viu, declarou:
"Uma
estrela surgiu de Yaacov (Bamidbar 24:17); Bar Koziva descende de Yaacov, ele é
o Mashiach"
Por outro
lado, a facção judaica que era contrária ao confronto com os romanos, criticava
a atitude do rabino:
Rabi Yochanan ben Tursa disse-lhe: "Akiva! A
grama crescerá em suas faces e o filho de David ainda não terá chegado. Bar
Koziva não é o Mashiach!"
Talmud
Moeda cunhada em prata que foi tirada do Templo de Herodes. |
E
chamavam Bar Koziva de "bar Koziba" (filho da mentira):
Foi a
partir da segunda fase da revolta de 132 - 135 (Terceira Revolta Judaica) que
Simão assumiu um papel preponderante na luta, passando à ofensiva e,
gradualmente, expulsando as tropas romanas de suas posições, até tomar Jerusalém,
onde ele proclamou o restabelecimento da independência da Judeia.
Mas os
romanos contra-atacaram, reconquistando suas posições perdidas. Obrigado a
abandonar Jerusalém, bar Kokhba retirou-se para a cidade-fortaleza de Betar, onde resistiu até
meados de 135, quando a fortaleza foi tomada.
Simão foi
morto e, segundo o Talmud, teve sua cabeça cortada pelos romanos.
Os judeus
responsabilizaram Simão pela derrota, alegando que ele teria se mostrado pouco
humilde e se afastado das leis da Torá.
Segundo se lê no Talmud,
bar Kokhba atraiu a vingança de Yahveh (IHVH) por ter acusado seu
tio, o rabi Elazar Ha-Modaí, de traição, matando-o em
um acesso de raiva.
"Infortúnio para o pastor do ídolo, que abandonou o rebanho, uma espada em seu antebraço e em seu olho direito ([Zecharyá 11:17] Zacarias 11:17).
Você quebrou o antebraço de Israel e cegou seu olho direito. Portanto, o antebraço daquele homem [Bar Koziva], definhará e seu olho direito será golpeado." Assim, os próprios pecados dos judeus fizeram que Betar fosse capturada.
Talmud
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