sexta-feira, 10 de abril de 2015

Tribos: Punk's Not Dead!

Sex Pistols
Numa época em que as músicas que tocavam nas rádios duravam de dez a quinze minutos, com grandes solos de guitarra e bateria, surge uma música rápida, curta e simples, tocada por rapazes cansados de ouvir hinos hippies e que decidem fazer suas próprias músicas, mesmo não sabendo tocar sequer um acorde. Assim nasce o punk rock em Nova Iorque entre 1974 e 1975, tendo como principal representante os Ramones. Eles já herdavam influências significativas como o MC5 e Stooges, e começam a tocar sem nenhuma pretensão além da diversão, tentando resgatar um pouco do rock dos anos 50 e 60.
Quase ao mesmo tempo em que nascia o punk, acabava os New York Dolls , a principal banda representante do  glam rock – eles se vestiam como mulheres, além de usar purpurina e maquiagem, que era empresariada por uma figura que pouco depois se tornaria peça-chave para o punk, um inglês chamado Malcon McLaren. Percebendo o quanto os New York Dolls estavam ultrapassados, Malcon acaba com a banda e influenciado pela cena em Nova Iorque volta para Londres com uma ideia na cabeça. Assim nasce os Sex Pistols, uma criação de Malcon McLaren e sua esposa Vivienne Westwood. Eles juntam alguns frequentadores de sua loja e incorporam a eles o visual da cena em Nova Iorque – com alguns toques pessoais da estilista Vivienne – e também o estilo da música já vivenciada por Malcon, com tons mais políticos.
Em 1 de dezembro de 1976, o grupo é convidado a participar de um programa de TV nacionalmente assistido, veiculado às 17h – hora do chá londrino. Pela primeira vez, é pronunciada a palavra “fuck off” em rede nacional – claro que pelo integrante mais polêmico do grupo: Johnny Rotten – e então a banda se torna alvo de toda a imprensa britânica, transformando-se num verdadeiro fenômeno.

Em 12 de novembro de 1977 o grupo lança seu primeiro e único álbum: Never Mind the Bollocks, Here’s The Sex Pistols.

Antes dos Sex Pistols, os Ramones já haviam gravado seu primeiro LP, Ramones, lançado no início de 1976.  Assim, o punk acontece no mundo, com os Ramones, Sex Pistols, The Clash, e muitas outras bandas.
The Ramones

Inevitavelmente, o que acontecia no mundo chega ao Brasil – claro que algum tempo depois, e com algumas características um pouco diferentes. Alguns dizem que em 1976 alguns grupos de Brasília já ouviam os Ramones, mas a cena teve força mesmo em São Paulo, à partir de 1977. Em plena ditadura militar, os jovens agregam aquele novo som protestante às suas realidades. Através das poucas revistas que eram publicadas no Brasil com fotos dos Ramones e Sex Pistols, começam a imitar seu visual: jeans, camiseta branca, alfinetes nas roupas e no rosto, como forma de agressão à sociedade e ao sistema. Entre 1977 e 1980, os punks eram basicamente gangues de rua, que possuíam em comum a forma de vestir, o gosto pela música e o ódio um pelo outro. No início dos anos 80, as gangues de São Paulo começam a unir-se, mas ainda existia a rivalidade com os punks do ABC. Em 1982, Clemente, vocalista da banda Inocentes, Redson, vocalista da banda Cólera e mais alguns punks de São Paulo decidem organizar um festival para unir os punks de São Paulo e do ABC. Um pouco desconfiados, os punks do ABC topam vir para São Paulo participar do festival, e assim, é organizado o “Começo do Fim do Mundo”, festival histórico realizado no Sesc Pompéia. O festival acaba em pancadaria e polícia versus punks, e fica registrado como um dos maiores festivais punk do Brasil. Em 2001 e 2002, a então prefeita de São Paulo Marta Suplicy organiza na Lapa outros dois festivais em comemoração aos 20 anos do “Começo…”: “A Um Passo Para o Fim do Mundo” e “O Fim do Mundo”, com muitas bandas que participaram em 1982.
Começo do Fim do Mundo 1982
Apesar de o Movimento Punk se assemelhar em todos os países, cada qual ganhou aspectos particulares com o tempo. Quando chegou ao Brasil, o movimento era apolítico, mas foi em meados dos anos 80 que assumiu feições de movimento inclinado à esquerda e alguns punks passaram a colaborar com os anarquistas com rumo totalmente direcionado à militância política, com discussões e ações mais ativas, opondo-se à mídia tradicional, ao Estado, às instituições religiosas e grandes corporações capitalistas. Em 1988 alguns punks unem-se oficialmente com grupos anarquistas, criando assim os Anarcopunks.

Em geral, o movimento defende valores como o anti-machismo, anti-homofobia, anti-fascismo, liberdade individual, autodidatismo, etc.

Podemos dizer que os punks buscam uma revolução, uma quebra da hegemonia de ideias burguesas. Eles divulgam suas ideias através das músicas, de mídias alternativas – como os fanzines, e principalmente através do seu discurso. Em geral, evitam a mídia de massa, como as televisões pra difundir suas ideias, por acreditarem que essas mídias sejam grandes manipuladores de mentiras à sociedade, distorcendo os fatos em benefício próprio.

“O punk é um movimento sociocultural, ele é a revolta dos jovens da classe menos privilegiada, transportada por meio da música” disse Clemente, vocalista da banda Inocentes em carta resposta sem data à matéria intitulada “A Geração Abandonada” publicada pelo jornal O Estado de São Paulo também sem data definida, no ano de 1982.

Desde a chegada da cultura punk no Brasil até hoje, a maioria dos punks são pessoas bem jovens, vindas da periferia da cidade. A música com seu discurso antigoverno, a chamada ao confronto, o protesto contra a miséria, fala diretamente com esses jovens, fazendo que eles se identifiquem e passem a participar ativamente do movimento.  

Há ainda uma face pouco explorada na cultura punk – a violência.

Ivone Cecília D’avila, Doutora em História Social – PUC Campinas escreveu na Revista “Varia História, Vol. 24, no. 40,  – Punk: Cultura e Arte”:

“O enfrentamento costumeiro nas periferias das cidades foi adaptado para satisfazer às necessidades de comunicação da luta contra o capitalismo e a sociedade de consumo. A violência nesse sentido, responde a diferentes necessidades: repelir a violência policial, repelir de uma maneira geral as relações hierárquicas e toda a forma de repressão que contribuem para gerar, afirmar a postura de rebeldia e a cultura do mundo do qual ela deriva”

Mas não é só violência a favor de seus ideais que existe no movimento. Apesar de alguns punks não pertencerem a nenhum grupo, as gangues ainda assombram o movimento. As brigas entre gangues, ou entre punks e White Power's (Skinhead's Neo-Nazistas) ainda existem. Os casos mais graves, que muitas vezes acabam em morte chegam à imprensa, o que taxa equivocadamente todo o movimento
como muito violento.
E é entre muita música, debates, violência, política, visual, a anarquia, história, lutas etc é que os punks sobrevivem até hoje no Brasil.





Video: Botinada, as Origens do Punk no Brasil.



O movimento Punk Cristão:


O punk cristão surgiu no fim dos anos 70 e início dos anos 80 no "Jesus Movement", que ensentivou  instituições culturais como o Jesus People of the United States of America (JPUSA), onde se juntavam punks desiludidos com a cena e hippies que buscavam pela verdadeira paz e amor, que serviram como um trampolim para várias subculturas cristãs incluindo o movimento punk cristão.


Musica Punk Cristã:

 Baseados na fé em Jesus Cristo, no verdadeiro sentimento de mudança e em bandas com mensagens positivas, começaram a surgir às primeiras bandas da cena hardcore cristã como: Strongarm, Society's Finest, Six Feet Deep, One Bad Apple, The Crucified, Unashamed, Officer Negative, Spite of Opposition, Stavesacre, No Innocent Victim, Invazão e The Blamed.
 O berço do punk/hardcore cristão é os Estados Unidos, mas existiam também  trabalhos na Guatemala, Porto Rico, Alemanha e no Brasil, que falaremos depois.

Ideologia do Punk Cristão: 


Há elementos fortes do antiautoritarismo, como o combate à hipocrisia tanto do governo quanto da Igreja, que impõem regras ao povo. Uma ilustração desta é vista no conceito da anticonformidade ao mundo. Dentro desta perspectiva, a opinião do punk cristão sobre o anticonformismo é diferente da do punk não-cristão. A razão do punk cristão para o anticonformismo é encontrada no livro de Romanos na Bíblia: "Não se conforme aos padrões deste mundo, mas seja transformador…"  Porém os punks cristãos não concordam com a religião. Dizem que o cristianismo real não é uma religião (ritos e construções), porque não se baseia sobre rituais e regras. Acreditam num relacionamento com Jesus Cristo, não em uma religião. Contudo, são fortemente sustentados por um relacionamento pessoal com Jesus Cristo separado das regras e tradições. 

Cena no Brasil: 
 No Brasil começaram a surgir bandas punks com temática cristã na década de 80 e 90, bandas pioneiras como Ruptura e Ressurreição no estado de São Paulo faziam um som e quebravam tabus religiosos. A importância disso era pela vontade de fazer algo por aqueles que estavam perdidos no mundo sem conhecer a mensagem de Jesus em meio as drogas pesadas e a violência urbana que ceifava a vida de muitos jovens
 Desde então muitas bandas surgiram por todo o país como; Foco Nocivo, Fostismo, Refugio, Desertor, Thimoteos, Leving fogo, Protestantes HC, Crush, Crença e Fúria, Nossa Fúria, CxFxI, Militantes entre outras

 Video: Documentario Produzido pela Cristo Suburbano sobre o Punk Underground Cristão.











Um comentário:

  1. Aqui é o Edu do Cristo Suburbano e da Banda No More Zombies. Bacana o artigo. Bençãos pra vocês.

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